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Um em cada três brasileiros não denunciaria corrupção, diz pesquisa

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Segundo pesquisa, 81% dos brasileiros acreditam que o cidadão comum pode fazer a diferença (Foto: Reuters/Paulo Santos)

Estudo da Transparência Internacional aponta que mais de 80% da população creem que protestos podem fazer a diferença, mas impunidade e medo das consequências leva só 60% a se dizerem dispostos a denunciar corruptos.

Um terço dos brasileiros não está disposto a denunciar atos de corrupção – a maioria por medo das consequências (44%) ou por achar que a denúncia não levaria a nada (42%). Já entre os que denunciam, os meios de comunicação são o veículo preferido para fazer delações (37%), seguido por instituições públicas dedicadas ao combate da corrupção (27%).

Os dados fazem parte do estudo Barômetro Global da Corrupção 2013, publicado nesta terça-feira (09/07) pela organização Transparência Internacional. O levantamento revelou ainda que 81% da população acreditavam, antes mesmo de ir às ruas protestar, que o cidadão comum pode sim fazer a diferença na luta contra a corrupção.

Segundo o estudo, a dificuldade de estimular o engajamento da população no combate aos problemas do país esbarra na falta de confiança nos órgãos públicos. Dos 2.002 brasileiros que responderam às perguntas da TI entre setembro de 2012 e março deste ano, 70% afirmaram acreditar que a polícia sofre com corrupção e 50% acham que o judiciário também foi atingido.

“Se o cidadão tem medo de denunciar, o Brasil precisa reforçar políticas públicas de proteção a quem faz a denúncia”, defende Alejandro Salas, diretor do Departamento Regional das Américas da Transparência Internacional.

Os mais corruptos

A pesquisa revela que na opinião da população a instituição mais corrupta no Brasil continua sendo o conjunto de partidos políticos, seguido pelo Congresso. Em uma escala que vai de 1 (menor grau de corrupção) e 5 (maior grau), as legendas partidárias ficaram com 4,3 – índice um pouco maior do que o 4,1 registrado no último Barômetro, realizado em 2010/11.

Por causa do grande descrédito dos partidos brasileiros junto à população, a Transparência Internacional inclui, entre suas recomendações ao país, um reforço na regulação de financiamentos de campanhas e de políticos com o intuito de assegurar a transparência das doações.

Já a percepção da população com relação à corrupção no país teve uma leve queda no comparativo entre os dois levantamentos. Enquanto 64% dos entrevistados avaliaram que a corrupção no Brasil havia crescido entre 2007 e 2010, o último dado mostra que este índice caiu para 48%, menos que a média dos 14 países da América Latina (58%). Entre os latino-americanos, os argentinos são os mais desacreditados: 72% acham que a corrupção no país aumentou.

Para Salas, a imagem “limpa” de corrupção apresentada pela presidente Dilma Rousseff no início da sua gestão, somada ao julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ajudaram a aumentar as expectativas da população sobre uma maior lisura no setor público. No entanto, ele ressalta: “Ainda que o Brasil esteja um pouco melhor que outros países, esta continua sendo uma porcentagem muito alta. Metade dos brasileiros pensar que o índice de corrupção aumentou nos últimos anos é algo muito grave.”.

A pesquisa revelou que a percepção de corrupção em todo o mundo é alta. Mais da metade da população dos 107 países que participaram do Barômetro Global da Corrupção acreditam que a situação piorou nos últimos anos. E 27% admitiram pagar propina ao acessarem instituições e serviços públicos.

Desconfiança com setor público

O relatório da TI aponta que 88% dos brasileiros afirmam que a corrupção no setor público do país é um problema (70% dizem ser um “sério” problema). Salas destaca ainda que as autoridades locais também precisam sentir a pressão das ruas, pois é nos estados e municípios que grande parte da corrupção sentida pela população ocorre.

Os recentes protestos no Brasil têm uma característica bem pecualiar, na opinião do especialista. Eles mostram que a população compreende bem as consequências da corrupção na qualidade de sua vida diária – com uma relação direta na má qualidade do transporte público, por exemplo. Ou seja, os brasileiros não sentem os benefícios do crescimento econômico no cotidiano.

Assim, segundo ele, os líderes políticos de olho nas eleições do ano que vem deverão avançar em propostas de reformas sérias e duras para acabar com os problemas do país. “Esse é um sinal muito forte que o Brasil manda não apenas aos seus políticos, mas a todo o mundo”, avalia o mexicano.

Fonte: DW.DE

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