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Jornalistas negros se manifestam em defesa da democracia e pela memória do Mestre Moa

Com pesar, recebemos a notícia do assassinato do capoeirista e ativista cultural, Mestre Moa do Katende (Romualdo Rosário da Costa), 63 anos.  O mestre foi morto, na noite do último domingo (07/10) com 12 facadas por defender seu voto no candidato Fernando Haddad (PT) em uma discussão com um apoiador do candidato do PSL.

A Bahia perdeu um agente de propagação da cultura afro-brasileira. Mestre Moa era religioso de candomblé e um artista com múltiplas facetas. Foi um dos fundadores do afoxé Baduaê, uma entidade carnavalesca responsável por uma das revoluções estéticas no Carnaval da Bahia.

Na capoeira, uma prática cultural fortemente ligada à preservação de valores como a não violência chegou ao topo de “Mestre”, categoria que é conquistada a partir do respeito dos seus pares. Mesmo com elementos de luta, a capoeira, tombada como patrimônio brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan, não incentiva a disputa violenta, mas sim o respeito ao oponente.

Além da tristeza com a morte de uma pessoa comprometida com valores como a promoção da paz e da resistência, manifestamos a nossa preocupação diante do clima de ódio e agressões que estão sendo disseminadas pelo país.

Comunicadoras e comunicadores que somos, sabemos dos riscos produzidos pelo estímulo à violência, ao uso de armas e ataques a direitos da população LGBTTQ+, mulheres, negros e indígenas, que têm aparecido fortemente nos discursos do candidato do PSL.  Estamos estarrecidas e estarrecidos com o ódio que tem sido estimulado e reverberado nos segmentos da população em situação de vulnerabilidade.  Negras e negros são os mais atingidos pelos variados tipos de violência, inclusive o feminicídio e mortes de jovens.

O Brasil, assim como todo o mundo, está em meio a uma revolução digital, com o surgimento de novas plataformas de comunicação que mudaram as formas de relacionamento com a notícia. Não à toa, o país tem aparecido nos primeiros lugares de ranking de estudos sobre o forte consumo de “fake news” sem a formação de uma consciência crítica.

Desde 2014, as campanhas eleitorais vêm sendo invadidas por este fenômeno que, nesta eleição, ganhou ainda mais proporção e – o mais grave, tem sido usado como “arma de guerra imagética” por candidatos e seus simpatizantes.

Dessa forma, viemos, mais uma vez fazer o alerta de que irresponsabilidade no uso de um direito básico como a informação é um atentado e um desrespeito às bases democráticas.

Estamos vigilantes para cumprir a nossa responsabilidade social como jornalistas de denunciar os abusos e violações aos princípios constitucionais.

Por fim queremos manifestar toda a nossa solidariedade e apoio aos familiares e amigos do Mestre Moa.

Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (CONAJIRA/FENAJ)

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