O presidente da CPI do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) no Senado, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), afirmou nesta quarta-feira, em entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, que pretende ouvir em breve os presidentes das empresas suspeitas de envolvimento no esquema criminoso de sonegação fiscal desvendado pela Operação Zelotes, da Polícia Federal. No Rio Grande do Sul, a investigação encontrou indícios de irregularidades em grupos como RBS, Gerdau, Marcopolo e Mundial-Eberle. “Nós queremos chegar ao centro da questão. Não vamos ouvir diretores, vamos ouvir os presidentes, que são os que realmente têm conhecimento do assunto”, disse o senador.
Oliveira acrescentou que, dentro de um prazo de 15 dias, os primeiros denunciados por envolvimento na Zelotes terão os nomes revelados formalmente. O senador garantiu, ainda, que todas as empresas envolvidas estão sendo escrutinadas e terão os responsáveis ouvidos pela Comissão.
O parlamentar ressaltou que a CPI, juntamente com o trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público, deve desmembrar as quadrilhas envolvidas nos esquemas de corrupção e encaminhar os possíveis culpados às punições legais, para que o caso não termine “em pizza”. Já nas próximas duas semanas, conforme o senador, serão ouvidas quatro testemunhas com supostas ligações diretas com os núcleos centrais do esquema de corrupção.
Operação Zelotes
Deflagrada pela Polícia Federal em março, a operação Zelotes desvendou um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já identificados no Brasil. As investigações envolvem a atuação de quadrilhas junto ao Carf, revertendo ou anulando multas aplicadas pelo órgão, ligado à Receita Federal.
Estão sendo analisados 74 julgamentos do Conselho realizados entre 2005 e 2013, nos quais pelo menos R$ 19,6 bilhões deixaram de ser recolhidos aos cofres públicos. Segundo o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Frederico Paiva, responsável pelas denúncias, dos 70 processos sob suspeita, em pelo menos 20 o MPF vai conseguir comprovar de maneira sólida que houve ato ilícito. Esse volume representa cerca de R$ 6 bilhões.