Documento foi aprovado na Plenária final do 6o Congresso dos Jornalistas de Santa Catarina, realizado de 28 a 30 de setembro, no sul do estado, que teve como tema “Novas tecnologias e seus impactos no exercício profissional do Jornalismo”.
Veja abaixo a íntegra do texto:
Carta de Laguna
Os jornalistas reunidos no 6o Congresso de Jornalistas de Santa Catarina, de 28 a 30 de setembro de 2012, em Laguna, Santa Catarina, inspirados no ideal de Anita e Giuseppe Garibaldi, heróis de dois mundos, reafirmam a necessidade de continuar a luta contra a exploração, a sobrecarga de trabalho e os baixos salários, incompatíveis com a importância social do jornalismo, fundamental para a sustentação de uma sociedade democrática. O tema do Congresso – Novas tecnologias e seus impactos no exercício profissional do Jornalismo – impõe a necessidade de rediscutir a profissão, para estabelecer novos parâmetros, que definam limites ao excesso de tarefas, pois a modernidade dos equipamentos tecnológicos contrasta com a precarização das condições de trabalho.
No momento em que o capitalismo se vê confrontado com os limites físicos de destruição dos recursos naturais; em que a ameaça de uma inédita mudança climática pode gerar graves tensões sociais, com impactos devastadores que se farão sentir com maior intensidade sobre as populações mais pobres, mais uma vez é preciso destacar a importância de usar as novas tecnologias a serviço do bem-estar humano.
O contraponto a esse cenário preocupante é a garantia da veiculação de informações éticas, de qualidade, com foco no interesse público – essência da atividade jornalística, que tem no Código de Ética os princípios que orientam a conduta dos integrantes da categoria. E, nesse sentido, é preciso avançar na criação de mecanismos para a democratização da comunicação, um direito dos cidadãos, hoje reféns de grandes corporações midiáticas, que atuam como se fossem um partido político, tentando influenciar o debate dos principais temas que interessam à população, pautando a sua atuação na defesa dos interesses do capital e atacando os movimentos sociais e os trabalhadores.
Os jornalistas presentes neste 6o Congresso reafirmam a necessidade de resgatar as conquistas e avançar na luta pela formação profissional específica, regulamentação da profissão e pela criação do Conselho Federal de Jornalistas (CFJ).
A defesa de um piso salarial nacional é parte de uma luta mais ampla pelo direito ao trabalho digno, o que inclui a atenção permanente à saúde e à segurança dos profissionais.
Os desafios que os jornalistas enfrentam como autores de obras intelectuais aumentaram nos últimos anos com o desenvolvimento tecnológico, notadamente com a popularização da internet.
A Fenaj, com o apoio dos sindicatos, vem ajudando a realizar uma pesquisa nacional com o objetivo de traçar o perfil da categoria. Conhecer quem somos, onde estamos e as condições em que atuamos será um passo importante para definir as estratégias que garantam melhores condições de trabalho e informações de qualidade à sociedade.
Faz-se necessário ampliar a organização dos núcleos de jornalistas de web, valorizar os jornalistas no serviço público e assegurar direitos previstos na regulamentação da profissão.
Os jornalistas presentes ao 6o Congresso renovam a convicção de que participar das lutas com os sindicatos, com a Fenaj, com as escolas de comunicação e com os movimentos sociais é o que vai garantir um futuro melhor aos jornalistas e a todos os trabalhadores brasileiros, para que a qualidade de vida, a solidariedade e a superação das desigualdades sociais sejam os elementos centrais da construção de uma nova sociedade, sem exploração, sem preconceito, bem informada e democrática.
Laguna (SC), 30 de setembro de 2012.