Evento organizado pelo SJSC faz parte do projeto Círculo da Palavra
Para o escritor Flávio José Cardoso, a crônica tem muito a ver com a ficção, com a poesia, “é a vida, é uma expressão escrita da vida”, sintetiza o autor catarinense, convidado do Círculo da Palavra e que debateu o assunto na noite de quarta-feira (28/04), na Assembléia Legislativa. O encontro reuniu jornalistas, estudantes de jornalismo, professores e escritores. E, em 2010, completam-se 40 anos da edição do livro Singradura, a primeira das suas várias obras, e que traz 20 contos que se unificam na temática homem-mar e no cotidiano das pessoas simples da Ilha de Santa Catarina.
Flávio Cardoso, que chegou a cursar jornalismo, mas não concluiu o curso, “por não ter o ímpeto e a força necessários para a redação, a reportagem”, como mesmo diz, escreveu e muito em jornal. Inicialmente no extinto O Estado (de Florianópolis) e depois no Diário Catarinense, no qual manteve por nove anos uma crônica diária. Ao lembrar desse período, ri afirmando “que era um louco’ e que o ideal em jornal é escrever duas crônicas por semana.
Para o escritor, a crônica também é literatura: “não é porque esse gênero seja passageiro, que deva ser desvalorizado, que deva ser um gênero menor”. Ao lembrar de quando trabalhou em jornal, diz que o veículo alimenta o cronista e que o tema pode ser secundário, mas o importante é como dizer o que se quer. “Emocionar e entreter é o principal do cronista”, frisa ele, acrescentando que a fantasia alimenta suas crônicas, ajuda a inventar personagens.
Por falar em personagem, lembrou do seu Ananias, que nas horas das crônicas com criticas a algum setor e fatos, por exemplo, surgia na página do jornal e abria a boca. Por isso também que o escritor afirma que “fazer crônica em jornal é uma coisa lúdica”. Frisa que a publicação diária obriga “o escritor a se esforçar, exaurir-se no ofício, a dar tudo de si diariamente”.
O encontro promovido pelo SJSC, no Círculo da Palavra, prestou uma homenagem ao importante cronista catarinense e ao mesmo tempo buscou um diálogo com estudantes e jornalistas, na discussão da crônica, gênero literário, mas também jornalístico, que tão bem Flávio usa para narrar a vida. A intenção também foi a de celebrar os 40 anos da sua primeira obra e debater sobre a importância da palavra e da literatura no processo do fazer jornalístico.
Foto: Eduardo Guedes de Oliveira/Alesc.