Em coletiva à imprensa na quinta-feira (21/01) no Rio de Janeiro, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) manifestou preocupação com o crescimento das agressões à categoria no ano passado e defendeu medidas para combater a violência. Na ocasião, a federação lançou o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2015. O levantamento registrou 137 ocorrências, oito a mais do que as 129 registradas no ano anterior. Pouco mais de 5% destes casos ocorreram em Santa Catarina.
Segundo o documento, o número de assassinatos de jornalistas caiu, mas cresceu o de assassinatos de outros comunicadores. Os jornalistas Evany José Metkzer, de Minas Gerais, e Gerardo Seferino Servián Coronel, paraguaio residente em Mato Grosso do Sul, foram assassinados. “Dos assassinatos de jornalistas e outros comunicadores ocorridos em 2015, apenas em um caso – do radialista Gleydson Carvalho – os assassinos e os mandantes foram identificados e foram denunciados pelo Ministério Público”, registra o relatório da FENAJ, que considera que a violência recorrente no Brasil é alimentada pela impunidade.
Os dados ainda revelam que os principais agressores de jornalistas e comunicadores em 2015 foram a Polícia Militar (20,44%), políticos e assessores (15,33%) e manifestantes de rua (13,87%). Grande parte dos casos de agressão física ocorreram em manifestações de rua, mas em número muito inferior às ocorridas nos anos de 2013 e 2014.
Em Santa Catarina, sete agressões foram registradas
Sete casos registrados em Santa Catarina constam do relatório da FENAJ. No documento, foram destacadas manifestações do SJSC onde, além de solidarizar-se com os profissionais, o Sindicato reafirma que a liberdade de imprensa é condição fundamental e inarredável do Estado Democrático de Direito. A restrição de sua plena realização, em qualquer hipótese e exercida por quaisquer pessoas, principalmente agentes do Estado, fere o direito da sociedade de acesso a toda e qualquer informação, por todos os meios.
Relembre quais foram os casos.
Ação da polícia contra cinegrafista da RBS TV agride a liberdade de imprensa
No dia 27 de janeiro, o repórter cinematográfico Gregori Flauzino, da RBS TV, foi obrigado por policiais civis a apagar imagens captadas durante a cobertura da reconstituição da cena do crime que resultou na morte do surfista Ricardo dos Santos, em Palhoça – SC.
Vereador de Xanxerê desrespeita jornalista e ofende a categoria
Ao fazer pronunciamento na tribuna da Câmara de Vereadores de Xanxerê, na noite de quarta-feira (04/3), o vereador João Paulo Menegatti, do PTB, referiu-se a um jornalista como “reporterzinho” e “vermezinho”, sem identificá-lo, ofendendo toda a categoria, que revoltou-se e denunciou a postura do parlamentar.
Bolsonaro à repórter da RIC: “Você é solteira?”
Em visita a Blumenau no dia 23 de junho para uma audiência pública sobre projeto de lei que deseja anular o estatuto o desarmamento, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) interrompeu uma entrevista para perguntar se a repórter era solteira. A vítima do galanteio nada educado de Bolsonaro foi a jornalista Danúbia de Souza, da RIC-Record, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas.
Militantes do MST impedem jornalista de exercer seu trabalho
No dia 3 de agosto, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) impediram o jornalista Colombo de Souza, repórter do jornal Notícias do Dia, de exercer livremente suas profissão durante manifestação no prédio da Receita Federal, em Florianópolis. O jornalista já havia entrevistado lideranças do movimento. E quando dirigiu-se ao prédio para entrevistar o delegado da Receita Federal, teve seu acesso impedido por manifestantes. Em seguida, ao buscar argumentar, foi ameaçado por um deles, que arrancou-lhe o bloco de anotações das mãos.
Homem armado entra no prédio do Diário Catarinense e ameaça jornalistas
Um clima tenso rondou a Rodovia José Carlos Daux, 4190, em Florianópolis, na tarde de segunda-feira (17/08). Um homem armado entrou no prédio do Diário Catarinense ameaçando os jornalistas a “cuidarem com o que escrevem”. Profissionais que presenciaram o fato e viram o homem com a arma na cintura reclamam que o comando da redação não prestou nenhum esclarecimento e pediram mais segurança. A direção da empresa minimizou o fato, afirmando tratar-se de um desequilibrado e que “não houve nada de armas”. O SJSC cobrou providências e, no dia seguinte, a portaria do prédio foi reforçada com mais um segurança.
O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina protestou contra o abuso de autoridade, tentativa de intimidação e cerceamento à liberdade de imprensa praticados por policiais militares contra jornalista Ângela Bastos, do Diário Catarinense, no domingo (13/12), no Terminal de Integração do Centro (Ticen) de Florianópolis. A profissional teve seu celular apreendido e as fotos onde registrou cenas de agressão policial contra um suspeito deletadas. Até o momento o SJSC não recebeu qualquer esclarecimento da Secretaria de Segurança Pública do estado sobre a apuração do caso.
Jornalistas são vítimas de nova violência policial em SC
No dia 19 de dezembro, um sábado, foram registrados novos casos de abuso de autoridade, tentativa de intimidação e cerceamento à liberdade de imprensa praticados por policiais militares contra jornalistas em Florianópolis. Três profissionais foram detidos durante a cobertura de uma ocupação urbana às margens da SC-401. O repórter-fotográfico Marco Favero, do Diário Catarinense, e as repórteres Natália Pilati e Joana Zanotto, do Coletivo Maruim, cobriam a violenta desocupação realizada pelas forças de segurança. Natália chegou a ser ferida na perna pelas bombas arremessadas pela PM.