0,00 BRL

Nenhum produto no carrinho.

Aos 93 anos, pioneira como vendedora viajante tem biografia lançada

“Diário de Luise” traz relatos de alguém vanguardista, ousada e desbravadora

Na noite de segunda-feira, 8 de fevereiro de 1960, Luise escrevera: “os homens pensam que a mulher é inferior a eles, que só serve para criar filhos e fazer serviço de casa. Há gente que não compreende uma camaradagem e luta em comum”.

Ela era vanguardista, ousada, desbravadora. Trabalhou bastante, prosperou. Ganhou respeito de homens e de mulheres.

Com a irmã Hanni, transformou-se em uma das primeiras vendedoras viajantesdo Rio Grande do Sul. Casou tarde para os padrões dos anos 1950, e para incredulidade de muitos, aprendeu a dirigir.

Luise passou a tomar notas do seu dia a dia a partir de4 de fevereiro de 1946, quando tinha 17 anos de idade. Tem guardado mais de 50 cadernos.

Aos 93 anos de idade, graças aos seus escritos, parte de suas histórias foi resgatada e transformada em livro, em “Diário de Luise- uma mulher além do seu tempo”, do jornalista Ricardo Medeiros.

A obra tem o selo da Dois por Quatro Editora (https://www.doisporquatro.com/diario-de-luise-relatos-de-uma-mulher-alem-do-seu-tempo).

Nascida em 5 de agosto de 1929, Luise continua registrando o que fez, com quem fez, viagens, sabores e dissabores da vida. Anotar para quê ainda? Ela responde: para ter recordações de tempos que a gente não lembra mais.

Agora, a viúva Luise faz poucas viagens. O seu deslocamento se dá para a casa dos filhos. Se não está em Santa Rosa (RS), é porque foi para Aracaju (SE), Florianópolis (SC) ou para São Borja, no interior gaúcho.

Vai receber o carinho de suas crias ou de um dos 10 netos.

América, América do Sul

Ela é filha dos alemães Willi Franz Ernst Eduard Nehls e de Meta FriedaLuise. O casal emigrou do país deles de origem no início de 1925 para seguirem rumo à América do Sul em busca de prosperidade.

Viveram alguns anos no Paraguai e depois na Argentina, onde nasceu Meta Luise,que recebeu o mesmo nome da mãe.

A família só pisou em território brasileiro em 1934 por Porto Xavier,pertencente à época ao município de São Luiz Gonzaga, Rio Grande do Sul.

Precocemente entrou no mercado de trabalho nos anos 1940. Perdeu parte da sua adolescência para ajudar no negócio da família, que tinha uma tipografia e produzia pó de pudim no Rio Grande do Sul.

Em 1947, com 18 anos, Luise iniciou uma parceria com a mana Johanna, carinhosamente chamada de Hanni, 8 anos mais velha que ela.

Hanni passou a ser representante do Laboratório Catarinense, de Santa Catarina, focado na fabricação de medicamentos com recurso naturais, através de plantas medicinais que têm a finalidade de prevenir ou curar problemas de saúde.

Assim, Hanni, trouxe a irmã mais nova para trabalhar com ela. Viajavam de ônibus pelos municípios da região noroeste do estado gaúcho. Cada uma levando uma pasta. A da Hanni pesava 15 quilos, e a da Luise, 10 quilos. As pastas estavam cheias de propaganda.

As irmãs tinham dois depósitos para as mercadorias. Um em Santa Rosa, que ficava nos fundos do Hotel Avenida, e, outro, em Tapejara, na casa dos pais.

A dupla faturava 20% do que era vendido, além de comissões. Luise, a principal vendedora, chegou a ganhar prêmios por alcançar uma excelente performance no comércio de Camomila Rauliveira.

Quando a mãe das irmãs começou a ficar doente, Joahnna, a Hanni, retirou-se da estrada. Fixou-se em Tapejara para cuidar de Meta FriedaLuise e ajudar novamente nos negócios da família. No ano de 1958, casou-se e foimorar em Camaquã (RS), distante 423 quilômetros de Tapejara.

O empoderamento de Luise

Assim como a irmã, Luise estava na contramão. Para o enlace matrimonial das moças a idade “ideal” era de 18 anos. Se chegasse aos 25 anos sem uma aliança no dedo era considerada “solteirona”.

Luise tinha quase 30 anos. Corria o risco de “ficar para titia” ou ser conhecida como “mulher encalhada”.

Uniu-se em 1959 a Telmo Dias, quatro anos mais novo do que ela. Mesmo casada, continuou em sua labuta, diferente daquelas mulheres recatadas e do lar. Aquelas que ficavam em casa cuidando da casa e dos filhos.

Que estaria, após uma jornada desgastante, pronta, de banho tomado, perfumada, esperando o marido com o jantar pronto.

Luise queria, e provou, o seu valor como mulher. Nos anos 1960 suas viagens ainda eram constantes para os municípios do interior do Rio Grande do Sul. Já havia aprendido a dirigir. Era senhora do seu destino, sob os olharesde homens e mulheres.

Telmo e Luise

Luise já estava acumulando um bom patrimônio. Telmo auxiliou a esposa a fazer os negócios proliferarem. Apostaram num comércio atacadista com especialidades farmacêuticas, perfumarias e produtos veterinários.

Portanto, foram além da revenda de produtos do Laboratório Catarinense. Revendiam produtos de mais de 100 laboratórios.

Telmo Dias faleceu em 1989 e as atividades do comércioforam encerradas em 1995.

Cronologia

-13 de fevereiro de 1925- Willi Franz Nehls e Meta FriedaLuise saem da Alemanha rumo à América do Sul.
-Antes do Brasil, passam pelo Paraguai e Argentina.
-5 de agosto de 1929-Em Posadas, Argentina, nascia Meta LuiseNehls
-25 de setembro de 1934-família Nehls chega ao Brasil por Porto Xavier, pertencente ao município de São Luiz Gonzaga.
-Rumam para a localidade de Porto Lucena, no município de Santa Rosa.

-24 de agosto de 1937- pai de Luise, Willi Franz Nehls, cria o jornal alemão “Santa Rosa Zeitung”.
-Família Nehls é responsável pelo Guia Geral de Santa Rosa com informações a respeito de estabelecimentos comerciais, industriais, tipo de negócio, oque é vendido e o que é produzido.
-Passam a fabricar bala e bombom
-A família desloca-se para Passo Fundo
-Em 1942- todos residem na localidade de Tapejara, emancipada de Passo Fundo somente em agosto de 1955.
-Os Nehls adquirem um casarão próximo ao Colégio Notre Dame Medianeira.
-O casarão torna-se moradia, sede de um bazar, gráfica e tipografia e sede do Laboratório Nehls para fabricação de pó de pudim, fermento para pão e bolo, pó para geleia de vinho, açúcar baunilhado, balas , bombons e caramelo.
-1944- Aos 15 anos, a jovem Meta Luise , com o irmão Fedeirco, de 10 anos, começa a viajar em busca de clientes dos serviços de tipografia.
-1947-Com 18 anos Meta Luise inicia uma parceria com a irmã Johanna, a Hanni, 8 anos mais velha que ela.
-As duas tornam-se representantes do Laboratório Catarinense, focado na fabricação de medicamentos com recursos naturais.
-Faturavam 20 % do que era vendido, além de comissões.
-Luise passa a viajar sozinha, uma vez que a irmã dedicou-se a cuidar da mãe que adoeceu.
-Janeiro de 1958- Telmo Dias vira motorista de Luise. Apaixonam-se.
-Setembro de 1959- Luise e Telmo casam-se.

  • O casal monta um comércio atacadista com especialidades farmacêuticas, perfumarias e produtos veterinários. Revendem produtos de mais de 100 laboratórios.
    -A empresa chegou a ter 15 funcionários entre viajantes e entregadores e uma frota com 15 veículos automotivos.
    -Telmo Dias faleceu em 1989.
    -Em 1995, as atividades são encerradas.

SERVIÇO

Título: Diário de Luise: relatos de uma mulher além do seu tempo

Autor: Ricardo Medeiros

Formato: 16 x 23 cm

Número de páginas: 156

Editora: Dois Por Quatro

Preço: 50,00

Ano: 2022

CONTATO PARA IMPRENSA
Vera Lúcia Nehls Dias (filha de dona Luise): 48-9-9915-7218
Ricardo Medeiros (escritor)-48-9-8411-0911

Matérias semelhantes

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Mais lidas