Coletivo catarinense propõe que isolamento/distanciamento social seja mantido, mas que setores econômicos do estado planejem-se para atuar no combate ao novo coronavírus.
Em carta aberta endereçada ao governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), aos seus secretários estaduais, aos prefeitos do estado e também ao povo catarinense, coletivo de entidades, movimentos e sindicatos pede “que cada setor trabalhe, mas trabalhe primeiro estrategicamente, virtualmente, em planejamento”.
Em outro trecho, a carta ressalta o potencial industrial do estado e sugere que todos os segmentos adaptem-se rapidamente para produzir suprimentos de combate à pandemia da Covid-19. “Entendemos e apoiamos a capacidade e as potencialidades da indústria catarinense. Ela tem força para agir contra o novo vírus. Sendo assim, há muito a ser produzido!” E segue citando uma série de itens que poderiam ser desenvolvidos no próprio território catarinense para uso no enfrentamento ao novo coronavírus.
Em portaria publicada no Diário Oficial do Estado, na quarta (1º), o Governador permitiu a retomada das atividades no comércio, serviços e obras ligados à construção civil. A portaria menciona que “trabalhadores que estiverem com febre ou sintomas respiratórios (tosse, coriza, falta de ar) devem ser afastados das atividades e orientados a procurar a unidade de saúde”, desconsiderando que o novo vírus pode ter sua rápida propagação ainda em estágio assintomático. Na segunda-feira (30) bancos, lotéricas e cooperativas de crédito já tinham ganhado permissão para serem reabertos.
O texto da carta defende o distanciamento social como uma das principais medidas contra a propagação do novo coronavírus e propõe que os trabalhadores possam ficar em casa até que protocolos de atuação estejam melhor definidos e que o Estado possa garantir renda aos afetados, “que nesses poucos dias que temos para planejar, que o povo possa ficar em casa. O Estado precisa garantir o provento, agora, neste momento, temporariamente”.
Citando números de mortos em países europeus e o colapso funerário que estaria acontecendo no Equador, o documento ainda pede pela preservação da vida, alarma para a situação no país e pergunta qual a posição que o estado sulista adotaria. “A pesquisa do Imperial College, de Londres, prevê mais de 1 milhão de pessoas mortas no Brasil, caso medidas de contenção não sejam tomadas. Com as medidas mais radicais e precoces, o número de brasileiros mortos pode ser de 44 mil. Quantas dessas mortes será da colaboração de Santa Catarina?”.
O documento foi enviado aos líderes estaduais um dia após Moisés anunciar em sua conta no Twitter que mais setores poderiam ter suas atividades liberadas já no início da próxima semana. “No fim-de-semana estaremos estudando regras para que trabalhadores autônomos, profissionais liberais, consultórios de saúde e clínicas – importante grupo da atividade econômica – possam retomar atividades na 2a feira”, diz a mensagem.
A carta termina pedindo por “novos planejamentos para a atuação dos setores paralisados”. E reforça que o pedido do coletivo é “pelo bem comum. Pela saúde pública, contra a pandemia”. O coletivo já havia enviado outra carta ao Governador no último sábado (28) em que alertava para a situação de colapso e pânico no território catarinense sem a adoção de medidas rígidas de isolamento social no enfrentamento à Covid-19.
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