Piso salarial de R$ 2.986,00 e 9% de reajuste nos salários. Este foi o avanço posto como limite pelos representantes patronais na quarta rodada de negociação ocorrida na quinta-feira (30/06). E após 2 horas de debates, disseram que “os canais de diálogo estão abertos, mas voltar para a mesa de negociação, não”. A distância com relação às reivindicações dos jornalistas é grande. O SJSC buscará uma alternativa para acordo que minimize as perdas que a categoria vem sofrendo.
Para além do valor nominal do piso e dos 9% de reajuste nos salários, os representantes patronais propuseram a elaboração de uma redação que assegure que as empresas que não pagaram as antecipações anteriores tenham que pagar.
Na prática, a proposta representa uma recomposição de 15,4% nos salários e no piso, diante de uma inflação acumulada de 23,9% nos últimos 3 anos. Ou seja, um arrocho salarial de 8,5%, sob o argumento de que as empresas também sofreram com a pandemia e tiveram queda nas vendas publicitárias neste período.
A resposta dos negociadores do SJSC foi objetiva: os trabalhadores jornalistas sofreram muito mais com exposição direta à pandemia para assegurar informação de qualidade à sociedade, redução de salários e jornadas de trabalho (na qual o governo federal “auxiliou as empresas”), defasagem salarial diante do aumento de preços de alimentos, combustíveis, entre outros, e demissões.
Considerada novamente insatisfatória a proposta dos patrões, após um intervalo, os negociadores do SJSC apresentaram nova contraproposta: piso salarial de R$ 3.190,66, abono para todos de R$ 2 mil (em 3 parcelas) para compensar diferenças salariais não pagas nos últimos 2 anos e aceitação dos 9% de reajuste retroativo a maio, mas com o pagamento dos 8,5% restantes para cobrir a inflação do período (23,9%) em 5 parcelas de julho a novembro de 2022, além da manutenção das demais cláusulas da Convenção Coletiva 2019/2020 e reajuste do auxílio educação infantil para R$ 274,09.
Semblantes e o tom de voz dos representantes patronais se alteraram. Parecia um absurdo os jornalistas reivindicarem valorização de seu trabalho num período de tantas perdas, condições adversas de exercício de suas funções e de tanto sofrimento. Fincaram pé em sua proposta e proclamaram o encerramento da mesa de negociação. Fecharam a porta, deixando abertos apenas “os canais de diálogo”.
Para os representantes do SJSC, esta não é a postura correta de quem se diz disposto a um entendimento. Imposição não rima com acordo. O SJSC buscará formular uma proposta que encurte as diferenças e que seja digna de ser apresentada numa assembleia geral para deliberação da categoria.