Não, a direita nunca dorme. Só finge e espera o momento certo e atrás de qual máscara vai aparecer. E tem uma capacidade fora do comum de se apropriar até dos sonhos mais lindos e legítimos da nossa maravilhosa juventude. Até quando será garantida essa liberdade nas ruas? Nossa democracia ainda é tão recente, mas muitos não sabem como chegamos até aqui e quantos sofreram, desapareceram, morreram, para que nós e nossos filhos pudéssemos ter liberdade. Eu também estava lá na manifestação, ontem, debaixo da chuva. E quero avanços, não repetir o passado.
Se você não sabe o que é fascismo, ditadura e faltou às aulas de história, por favor, leia atentamente os artigos que estão nas redes, converse com uma pessoa da sua família, vizinho, conhecido que viveu esse período. Alguém em que você confie, admire, não um acomodado de pijama que aplauda as ideias de Feliciano e que viva repetindo “o que vai ser desse mundo, meu Deus!?”, diante das mudanças de comportamento.
Pense quais razões levam os meios de comunicação a chamar a população pra rua, taxar de baderneiros os trabalhadores que fazem greves por melhores salários – como a do transporte, em Florianópolis – mas, de uma hora pra outra, achar lindo as pontes serem fechadas (e, mesmo após horas de manifestação, as pessoas não poderem voltar pra casa). Cadê aqueles que escreviam opiniões, semana passada, sobre o direito de ir e vir e falavam com raiva dos motoristas e cobradores de ônibus? O que mudou, agora? De repente, os conservadores acordaram bonzinhos, tiveram uma crise de consciência e passaram a achar que o mundo fica melhor quando todos podem se expressar? Todos mesmo?
É histórica essa mobilização de ontem nas ruas e, certamente, a mais colorida e documentada com tudo que dispomos de melhor em tecnologia. Estar no meio da passeata realmente é uma emoção inigualável. Todos temos nossas reivindicações a fazer e, na minha modesta opinião, sociedade perfeita não existe, está sempre em construção. Cada momento histórico com sua própria identidade. Só um cuidado, o maior de todos: um passo à frente, por favor. Os tempos atuais não permitem ingenuidade.
(Publicado inicialmente no Facebook)
Autor:Linete Martins – Jornalista e diretora do SJSC