Nova rodada da Negociação Coletiva 2017 foi realizada na manhã de quinta-feira (20/07) entre o Sindicato dos Jornalistas e o sindicato patronal de jornais e revistas. Houve evolução no diálogo, mas a contraproposta patronal ainda dificulta o entendimento. Já o Sindicato Patronal de Rádio e TV, que tinha reunião agendada com os representantes dos jornalistas para a tarde do mesmo dia, suspendeu a negociação na véspera. Eles alegam que a categoria preponderante nas empresas de radio e televisão é a dos radialistas e que a contraproposta da categoria profissional está muito distante de suas pretensões.
Após rodada de visitas a redações, nas quais a categoria rejeitou as propostas patronais, o SJSC propôs piso unitário de R$ 2.438,20 e reajuste salarial linear pelo INPC (3,99%), mais a manutenção da maioria das cláusulas da Convenção Coletiva atual e ajustes de redação em algumas delas. No caso dos jornalistas enquadrados irregularmente como radialistas em empresas de rádio e TV, foi formulada também uma proposta de transição.
Na tarde de 19 de julho, o sindicato patronal de Rádio e TV “solicitou” ao SJSC a “suspensão das rodadas de negociação para estudo, aprofundamento e amadurecimento das condições de trabalho”. Isso precedido da consideração de que as rodadas de negociação anteriores restaram infrutíferas “pois a cláusula principal que trata a questão do piso salarial e a jornada de cinco horas (05h) não evoluíram, sendo o valor proposto incompatível com a realidade da categoria econômica”. E, ainda, apegando-se à reforma trabalhista do governo Temer, que sequer entrou em vigor e cuja constitucionalidade está sendo questionada, o SERT sugeriu, em seu ofício, que a contraproposta que apresentou anteriormente deve ser “revisitada para adequações frente às flexibilidades da legislação trabalhista que em breve estará vigente”.
“A prosseguir este comportamento, infelizmente a alternativa de diálogo com as empresas de rádio e TV caminhará para a via judicial”, considera o presidente do SJSC, Aderbal Filho.
Outra conversa
Já o Sindicato patronal de jornais e revistas (Sindejor) teve outro comportamento. Compareceu à negociação e sinalizou a possibilidade de reajuste do piso pelo INPC (3,99%) e reajuste linear nos demais salários. Mas rejeitou a compensação de perdas passadas e, no embalo da conjuntura conservadora que o país vive, arrolou diversas cláusulas para as quais, na prática, propõe a retirada de direitos já consagrados em diversas convenções firmadas com os jornalistas.
No rol de cláusulas para supressão de direitos foram citadas a sobre Comissão Paritária, que trata de condições de saúde do trabalhador, a sobre liberação de jornalistas das redações para encontros e congressos da categoria, a de livre acesso dos dirigentes sindicais às redações e a de liberação de dirigentes sindicais, entre outras.
Embora tenham reconhecido um avanço no diálogo, os negociadores do SJSC consideraram o posicionamento patronal ainda insatisfatório. Nova rodada de negociação ficou marcada para quarta-feira (26/07), às 10h, no Sindicato dos Jornalistas.
“Nossa expectativa é de poder chamar nos próximos dias uma assembleia para a categoria deliberar sobre um possível acordo. Mas pra isso a proposta econômica patronal pode e deve ser melhorada”, avalia Aderbal Filho. “Além disso, dificultar o acesso de dirigentes às redações e enfraquecer a organização sindical da categoria vai na contramão da vocação democrática dos jornalistas e do jornalismo. Por isso pedimos que a representação patronal reveja sua proposta”, completa.