Os representantes das forças de segurança não compareceram a uma audiência pública sobre os casos de violência contra manifestantes e jornalistas, durante protestos de rua. O evento, promovido pela Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Pública, ocorreu nesta quinta-feira (17), em Florianópolis.
O plenarinho da Câmara estava lotado: cerca de 60 pessoas participaram do evento. Dentre os presentes, jornalistas, sindicalistas, ativistas de movimentos sociais, movimento negro, associações de pessoas em situação de rua, imigrantes, setores da Igreja, entre outros. A reclamação, uníssona: o uso desproporcional da violência pelas forças de segurança contra estes setores.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Aderbal Filho, foi um dos convidados à mesa. Ele destacou a crescente onda de agressões contra os profissionais de imprensa. Ele ressaltou que os principais agressores são a Polícia Militar, os manifestantes e políticos e seus familiares. “Muitas vezes, o cidadão que está no protesto, indignado com a manipulação realizada pelas empresas de comunicação, acaba descontando no trabalhador jornalista”, afirmou.
Segundo Aderbal, Santa Catarina está hoje em terceiro lugar no país, no ranking de casos de violência contra trabalhadores da comunicação. O Estado fica atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. “Nos últimos anos, a região Sul do país era onde ocorriam menos casos de violência. Agora, infelizmente, é a segunda no país. É um ranking em que gostaríamos de estar na lanterninha”, opinou.
Além de Aderbal, a mesa de debates foi composta pelas advogadas Daniela Félix e Luzia Cabreira, pelos vereadores Marquito (PSOL) e Lino Peres (PT); pelo presidente do Sintrasem, Alex Santos, o jornalista Gabriel Shiozawa Coelho, das Brigadas Populares, e pela advogada Lorena Duarte.
Ausências
Além dos parlamentares na mesa, apenas o vereador Maycon Costa (PSDB), que é o presidente da Comissão, compareceu. Ele ficou por cerca de 30 minutos, e deixou o espaço. O autor da proposta, vereador Afrânio Boppré (PSOL), também não pode estar presente.
A Câmara também convidou representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB, do Ministério Público, dos comandos da Polícia Militar e da Guarda Municipal. Além disso, a secretária de segurança pública de Florianópolis, Maryanne Mattos, também foi convidada. Nenhuma das autoridades compareceu ou enviou representantes. “A ausência destas autoridades é muito reveladora de qual é a política de segurança em Florianópolis”, afirmou a advogada Lorena Duarte.