De 6 a 8 de julho, em São José da Costa Rica, foi realizada a oficina de formação sindical FORMES, organizada pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), com o apoio da Federação de Jornalistas da América Latina e Caribe (Fepalc). Com o tema “Desenvolvimento de liderança sindical”, o evento, que reuniu representantes de 13 países, privilegiou o intercâmbio de experiências sindicais latinoamericanas e europeias e os conflitos nas relações entre capital e trabalho.
Os debates focaram-se principalmente nos processos de negociação coletiva, que regem os contratos e condições de trabalho e onde os conflitos entre trabalhadores e patrões mais se evidenciam. “A negociação coletiva é acima de tudo uma agenda que requer um grande preparo da diretoria e organização do sindicato, em que estabelecemos o marco legal que regerá o nosso trabalho”, destaca Valmor Fritsche, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina e representante da FENAJ no evento.
Logo no primeiro dia, os 42 jornalistas reunidos na Costa Rica puderam ouvir Alfonso Guerra Muñoz, do Chile – estudioso do sindicalismo e liderança dos trabalhadores que conviveu com Salvador Allende antes e durante seu período de governo (1970-1973) -, que fez uma análise do sindicalismo nas sociedades modernas, traçando um paralelo histórico entre a Europa e América Latina. Em seguida, o advogado Mario Gambacorta, da Argentina, falou sobre o direito do trabalho: uma contextualização histórica, jurídica e social.
O jornalista inglês Jeremy Dear, que por dez anos dirigiu a Federação de Jornalistas do Reino Unido, apresentou as experiências do movimento sindical inglês, com cases e campanhas que contribuíram para atrair os trabalhadores para o Sindicato. Já o presidente do Sindicato Nacional de Jornalistas da Costa Rica, Juan José Arce, trouxe a experiência local na defesa dos direitos dos sociais e trabalhistas dos jornalistas do seu país.
No segundo dia houve novo encontro com Jeremy Dear, que abordou as estratégias utilizadas em alguns países da Europa para obter informações sobre as empresas, tais como dados dos balanços e informes econômicos, e com Mario Gambacorta, que deu mais um curso sobre organização sindical, negociação e conflitos. Posteriormente, o vice-presidente da FIJ, Gustavo Granero, falou sobre a realidade sindical na Argentina e Rúben Hernandez fez uma explanação sobre o Conselho de Salários do Uruguai.
Ao final do segundo dia de trabalhos, houve relatos das realidades específicas de cada país. “Em nosso relato destacamos nossas principais bandeiras atualmente, como a pela democratização da comunicação, o combate à crescente violência contra os jornalistas brasileiros, as campanhas pelo piso salarial nacional e em defesa do diploma”, registra Valmor Fritsche.
No último dia do evento, Alfonso Guerra analisou o modelo de desenvolvimento chileno, que considerou “uma história que não deve ser repetida”, pois, apesar de produzir muita riqueza, não possui mecanismos sociais para distribuí-la.
Depois de mais uma oficina sobre negociação salarial, diversos dirigentes puderam fazer um relato de suas realidades. “Ao conhecer a situação de outros países, vemos o quanto somos privilegiados em alguns aspectos e o quanto estamos atrás em outros”, conta Valmor. “Pude conhecer modelos distintos de organização dos trabalhadores na imprensa: por ramo, por atividade, por profissão – estaduais, nacionais e por empresa. Também foi possível ver diferentes modelos de cultura sindical”, completa.
O presidente da FENAJ e da FEPALC, Celso Schröder, não pode ir à oficina por conta de um problema de saúde na família. Também escalado para compor a delegação brasileira no evento, Wilson Braga, do Sindicato dos Jornalistas do Amazonas, teve problemas com a vacina contra febre amarela e não conseguiu embarcar para a Costa Rica.