A RBS terá de prestar informações ao Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre as funções, jornada e escalas de trabalho de 49 profissionais de imagem em todo o Estado. Este foi o encaminhamento do procurador Sandro Eduardo Sardá, na audiência realizada no dia 7 de abril. Sardá é responsável por um inquérito contra o grupo econômico, após denúncia do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina sobre a contratação irregular de 40 profissionais de jornalismo como radialistas.
O problema concentra-se sobre os repórteres cinematográficos, contratados como “operadores de câmera”. Na ocasião, o SJSC apresentou escalas de trabalho em que os repórteres cinematográficos e “operadores de câmera” apareciam fazendo as mesmas funções, todos classificados como “cinegrafistas”. Os representantes da empresa ressaltaram que a principal diferença entre ambos é a qualificação técnica: só seriam reconhecidos como repórteres cinematográficos os profissionais com ensino superior.
Segundo o presidente do SJSC, Aderbal Filho, o critério é arbitrário. “A exigência é totalmente descabida e foi inventada pela empresa. A legislação que regulamenta nossa profissão nunca exigiu ensino superior de profissionais de imagem”, argumentou.
Entenda o caso
A situação é denunciada há anos pelo SJSC, mas ganhou outra projeção com a morte do repórter cinematográfico Djalma Araújo Neto, da RBS TV Florianópolis, no acidente aéreo envolvendo profissionais de imprensa e a delegação da Chapecoense na Colômbia, em 28 de novembro do ano passado.
A própria RBS admitiu, durante a cobertura da tragédia, que Djalma era repórter cinematográfico, mas o contrato registrado na sua carteira de trabalho era de operador de câmera. Com essa medida, as emissoras ampliam a jornada destes profissionais de cinco para seis horas diárias. Enquanto o salário inicial de um repórter cinematográfico é de R$ 2.310, o de um operador de câmera é menos que a metade: R$ 1.120,00. Em outras palavras, estes profissionais trabalham 30 horas a mais por mês para receber R$ 1.190 a menos.