O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina manifesta seu repúdio à ação truculenta da Polícia Militar de Santa Catarina, ao dispersar pessoas no Carnaval nos bairros de Santo Antônio de Lisboa e Sambaqui, em Florianópolis, utilizando-se de spray de pimenta e gás lacrimogêneo. Tão grave quanto isso foram as tentativas de intimidação, ameaças e impedimento ao exercício profissional da jornalista Anita Martins e do repórter fotográfico Eduardo Cavalcanti.
Por volta das 2 horas da madrugada do dia 28 de fevereiro, um contingente de cerca de 30 PMs, fortemente armados, passaram a fazer um “arrastão” visando fazer com que pessoas que estavam na Rodovia Gilson da Costa Xavier, em Santo Antônio de Lisboa, fossem embora. Ao observar a estranha movimentação, a repórter Anita Martins e o repórter fotográfico Eduardo Cavalcanti, que cobriam o Carnaval para o portal de notícias “Daqui na Rede”, passaram a gravar cenas da ação policial.
Entre os excessos dos “agentes de segurança pública” foram registrados disparos de spray de pimenta no rosto de um grupo de amigos (dois homens e três mulheres) que questionou a ação policial, pois não estava fazendo nada de irregular.
Após isso, os dois jornalistas passaram a ser assediados pela PM, com indiretas, piadinhas, ameaças de tomar o aparelho celular usado para gravar as cenas e, por fim, uma abordagem direta: Anita e Eduardo tiveram que apresentar seus documentos e o fato mais bisonho foi proporcionado por um Cabo da Polícia Militar – um agente de segurança pública, atuando em uma via pública – que os ameaçou: “se a minha imagem for veiculada em algum lugar eu vou processar vocês, porque eu não estou autorizando a veiculação da minha imagem em nenhum veículo de comunicação”, disse. A maior parte do ocorrido foi gravada em vídeo.
Segundo moradores das duas localidades, esse tipo de atitude não é um fato isolado. No domingo de Carnaval, foram presenciadas outras cenas, no bairro de Sambaqui, nas quais o dever de proteger a população foi substituído pelo abuso de poder. Segundo os organizadores do Carnaval em Sambaqui e Santo Antônio de Lisboa, essa tem sido a prática nos últimos três anos. Eles não denunciam por temer represálias da PMSC, que pode se negar a auxiliar na segurança dos próximos eventos.
O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina reafirma seu repúdio a este abuso de poder, intimidação, ameaça e cerceamento da liberdade de imprensa. E cobra da Corregedoria da Polícia Militar de Santa Catarina a apuração dos fatos e punição dos responsáveis por estes atos.
Florianópolis, 6 de março de 2017.
Diretoria do SJSC