Linete Martins*
Como cidadã e jornalista eu quero entender. Não interessa de que lado ou partido a pessoa está, mas há fatos muito graves no cenário, sem explicação lógica. Então, precisamos, todas e todos, pensar a respeito. Como naqueles filmes de ficção com transe coletivo, as pessoas aplaudem edição de telejornal sem nem se perguntarem para onde estamos caminhando.
Li dezenas de artigos. Juristas de todas as tendências asseguram que houve abuso e ilegalidade nos fatos de ontem, comprovando a tese de um circo midiático armado para humilhar e desmoralizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Defendo apuração e lei igual para todos. E, principalmente, que pare a cegueira coletiva e as pessoas questionem, apurem, que as reportagens tragam informações sobre os motivos de terem levado o ex-presidente ao aeroporto de Congonhas. Era para viajar para algum lugar? Se era, por que desistiram?
Uma democracia tão jovem como a nossa merece ser tratada com mais carinho e cuidado, tanto pelas autoridades como pela população. A informação correta sobre o que é legal ou não, se é abuso ou não, é fundamental. A imprensa não pode ser conivente com a desinformação, com versões confusas e pouco convincentes. Nosso papel, principalmente num regime democrático (portanto, é possível), é apurar e prestar esse serviço para a sociedade. Outras coisas que temos visto, não são jornalismo. Então não merecem confiança, muito menos aplausos. São tristes participações movidas por interesses ou por medo. São um passo atrás, são retrocessos e podem comprometer algo valioso demais, que é o nosso direito de escolher, com consciência e liberdade, que país queremos que o nosso seja.
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*Jornalista e diretora do Sindicato dos Jornalistas de SC