Hoje (11/07), muitos jornalistas estarão nas ruas cobrindo o dia de lutas que centrais sindicais e sindicatos independentes organizaram. As categorias, de setores públicos e privados, têm muitas pautas em comum, dentre elas o fim da precarização, o fim da terceirização e a luta contra o assédio moral. São três problemas gravíssimos que também estão presentes no dia a dia dos jornalistas – os mesmos que estarão nas ruas como testemunhas, não como protagonistas.
As atuais condições do trabalho do jornalista, o qual se tornou mais intenso com o acúmulo de tarefas progressivo, têm trazido graves consequências para a saúde desses profissionais. Segundo declaração do psicólogo Roberto Heloani à reportagem da Agência Pública, houve aumento de depressão e dependência química na categoria nos últimos dez anos.
“É comum começar com álcool. Quando aumenta a tolerância à bebida, ou seja, o efeito relaxante fica menor, a pessoa começa a beber cada vez mais até um ponto que começa a usar medicamentos para insônia ou algum ansiolítico. Só que, assim como aumenta a tolerância ao álcool, aumenta a tolerância ao ansiolítico. E o profissional também abusa do medicamento. Paralelamente, ele começa a sentir os efeitos colaterais da medicação, como falta de concentração e depressão. Com isso, ele começa a tomar antidepressivo. Resultado: nessa lógica de tomar entorpecentes, muitos trabalhadores começam a partir para psicofármacos, como cocaína, para poder trabalhar. No começo, o uso da droga melhora a memória, raciocínio e o vigor físico para uma rotina de 12 horas de trabalho por dia. Mas, tal como outra medicação, a pessoa começa a criar tolerância e os efeitos ‘bons’ começam a ser mais fracos. É aí que a pessoa se afunda”.
Um dos principais vilões desse cenário é a multifunção (ou acúmulo de tarefas), tema que a Fenaj não combate nem discute mais; aceita como fato consumado. Em Santa Catarina, o sindicato local decidiu reivindicar a remuneração da multifunção – aceitando a derrota de que um trabalhador, individualmente, será mais desgastado e custará muito menos do que os quatro (ou mais) que seriam necessários para executar o mesmo trabalho.
Demissões em massa
Em 21 de março deste ano, houve um significativo corte no Diário Catarinense, que eliminou cerca de 20 profissionais da redação. Poucas pessoas souberam. A divulgação mais ruidosa foi a partir de um e-mail de um jornalista anunciando, aliviado, sua demissão após 25 anos de casa. A mensagem foi replicada por alguns blogs independentes, e denuncia a censura interna. O profissional diz que na empresa de comunicação, questionar e pensar, alimentos do jornalismo, não são permitidos.
A realidade exposta é nacional, e atinge até a cidade onde há mais vagas para jornalistas. Considerando apenas os jornalistas registrados em carteira na cidade de São Paulo (onde estão instaladas as redações da Abril, do Estadão, da Folha e do Valor Econômico), foram registradas 280 demissões homologadas de janeiro a abril desse ano, 37,9% a mais que no mesmo período de 2012, quando foram registradas 203 homologações por conta de demissões.
Ou seja, tudo indica que 2013 será pior que o ano passado, quando mais de 1.230 jornalistas foram demitidos de redações no Brasil. Os motivos, em geral, foram “reestruturações”, que nada mais são que novas formas de organizar o trabalho usando menos pessoas e mais tecnologia. E não importa mais o esforço, as premiações, não há nada que garanta que o profissional não seja assediado moralmente nem seja demitido.
Para finalizar, um vídeo irônico e perturbador feito por companheiros de chapa do Rio de Janeiro, chamado “Demissão”. São só dois minutos: http://www.youtube.com/watch?v=1GZcDbk8i20
O único debate
As eleições da Fenaj foram contempladas com um único debate, realizado em Curitiba, na sede do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, nesta sexta-feira 5 de julho.
Celso Schröder (Chapa 1) e Pedro Pomar (Chapa 2), candidatos a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), mostraram que existe um abismo entre as duas candidaturas. Nervoso, irritado, às vezes gaguejante, o candidato da situação pintou um cenário cor-de-rosa, no qual o movimento sindical dos jornalistas vai bem, obrigado, e a Fenaj “é a terceira maior federação de jornalistas do mundo”. O candidato da oposição, por sua vez, insistiu em levar a discussão para o mundo real dos jornalistas, marcado por demissões em massa, violência contra os profissionais, assédio moral, precarização das relações de trabalho e uma Fenaj omissa e distante da categoria.
Pomar demarcou posições já na sua explanação inicial, ao cumprimentar o Sindicato anfitrião pela realização do único debate entre as chapas ocorrido no presente processo eleitoral: “A Fenaj não chama debate entre as chapas. Quem entra no site da Fenaj e não presta atenção, talvez nem perceba que há eleição. Por isso o debate foi tão importante”.
Schröder procurou contabilizar feitos, como a vitória da PEC do Diploma no Senado, ao mesmo tempo em que desfiou insinuações e acusações à Chapa 2. O candidato à reeleição bateu na tecla de que na Chapa 2 “há pessoas que são contra o diploma”; sugeriu que o Movimento LutaFenaj! torceu contra o sucesso da PEC do Diploma; inventou que o formato de Conselho Federal de Jornalismo proposto pela Chapa 2 significa que a Chapa 2 vê o jornalismo “como emprego e não como profissão”… Questionado pela plateia, Schroeder não soube dizer nomes que têm essa posição. “Você não soube dizer nomes da Chapa 2 que são contra a defesa do diploma porque eles não existem”, disse Pomar, dirigindo-se a Schröder.
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