Um “novo jornal” está chegando ao Estado de Santa Catarina. Elaborado pelo Sindicato dos Jornalistas, o Calvário Catarinense já está na internet e deve ganhar as ruas nos próximos dias. A ação faz parte da campanha de negociação coletiva 2016 da entidade, e foi pensada para divulgar as reivindicações da categoria à sociedade catarinense.
A ideia do “jornal” é dar espaço para algo que o jornalismo não retrata: a luta dos próprios profissionais por condições dignas de trabalho, por melhores salários e direitos. “É comum vermos a pauta de outros sindicatos nos jornais. Mas a luta dos próprios jornalistas passa desapercebida”, afirma o presidente do SJSC, Aderbal Filho.
Leia um dos textos que fará parte da primeira edição do “CC”.
Agarrado ao argumento da crise nacional, os donos dos veículos de comunicação de Santa Catarina querem arrochar os salários dos jornalistas em 2016. A proposta é medíocre: repor apenas metade da inflação de maio de 2015 a abril de 2016, que foi de 9,83%.
O Sindicato dos Jornalistas denuncia a tentativa das empresas de desvalorizar o trabalho dos jornalistas para ampliarem seus lucros. A mesquinhez ocorre após um processo de demissões principalmente no último ano em grandes e pequenos veículos que tiveram suas redações reduzidas à metade. Tal situação revela um descompromisso das empresas com o direito da sociedade à informação de qualidade. Como fazer bom jornalismo ampliando a carga de trabalho para cada vez menos profissionais e arrochando salários?
Com tais posições, os patrões rasgam seu discurso de Compromisso com a comunidade e, a persistirem nesse compasso, perderão cada vez mais credibilidade junto aos seus leitores e anunciantes.
Apesar do nada modesto lucro de R$ 89 milhões só em 2015, o Grupo RBS vem perdendo dinheiro no mercado financeiro e é investigado na Operação Zelotes por suspeita de sonegação de mais de R$ 600 milhões junto à Receita Federal. Com a venda de suas operações em SC, os novos proprietários, Lírio Parisotto e Carlos Sanchéz, já entram no negócio de comunicação no estado arrochando salários.