Categoria volta ao trabalho à zero hora de amanhã (25), mas mantém-se em estado de greve e promete retomar movimento se negociações forem travadas novamente pela estatal
São Paulo – Em assembleia realizada na tarde de hoje (24), os trabalhadores da Rádio e TV Cultura, de São Paulo, decidiram encerrar a paralisação que entrava no sexto dia, após aprovar proposta patronal feita na noite de ontem. Eles voltam ao trabalho à zero hora de amanhã (25). O acordo prevê não desconto dos dias parados e estabilidade de 30 dias. Também haverá reuniões entre empresa, trabalhadores e o Conselho de Defesa dos Capitais do Estado (Codec), órgão da Secretaria da Fazenda paulista, que vetou o pagamento integral do reajuste salarial do ano passado e de um abono.
Segundo os trabalhadores, a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da emissora, repassou 5,2% de um total de 5,85% de reajuste salarial referente ao acordo coletivo 2014/2015 e não efetuou o pagamento do abono equivalente a 50% do salário-base de cada funcionário, que devia ter sido pago em maio. “Acertamos algumas datas-limite em 12 e 18 de junho, mas a empresa simplesmente se nega a pagar. A categoria não teve alternativa senão a greve”, afirmou o diretor-coordenador do Sindicato dos Radialistas de São Paulo, Sérgio Ipoldo, no início da paralisação.
Os trabalhadores seguem em estado de greve, podendo cruzar os braços novamente caso a negociação não avance. Além disso, eles afirmam que não vão aceitar o desrespeito ao mais recente acordo trabalhista (2015/2016), firmado na quarta-feira passada (17).
“O reajuste dos salários ficou em 7,21%, o reajuste do piso salarial foi de 8,34% e ficou acertado um novo abono de 50%, a ser pago em maio do ano que vem. O primeiro pagamento com o novo reajuste deve ser feito no dia 7 de julho. Se não for realizado, a categoria pode parar novamente”, disse Ipoldo.
Outro motivo para a suspensão da greve foi uma audiência de conciliação marcada para amanhã pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região. A categoria avaliou que levar o caso a julgamento pela Justiça do Trabalho era do interesse da empresa. “Se tivéssemos uma decisão favorável, a fundação ia recorrer e assim postergar ao máximo um possível pagamento”, observou Ipoldo.
Segundo ele, uma ação impetrada pelo sindicato em 2003, com o mesmo objetivo, foi negada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), depois de anos de tramitação. “Não queremos correr esse risco. Seria pior judicializar e ficar anos esperando uma resposta do que manter a mobilização e tentar um acordo”, afirmou.
Ontem, o desembargador Wilson Fernandes, do TRT, negou um pedido da fundação para que fosse garantido 80% do contingente dos trabalhadores na operação da emissora, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. Serviços de radiodifusão não são considerados essenciais pela Lei de Greve (Lei 7.883/89), e por isso o magistrado negou o pedido. Com a suspensão da paralisação, o pedido de instauração de dissídio impetrado pela emissora deve ser arquivado.
Fonte: RBA