No dia em que se relembra o Golpe Militar de 1964, uma manifestação pacífica de estudantes no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, recheou-se de significado. Com o mote “Golpe, a gente vê por aqui”, o ato público denunciou o apoio da Globo – e por extensão, dos grandes veículos de comunicação da época – ao ato de exceção ocorrido há 53 anos, bem como a participação da Globo no impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016.
Não por acaso, a manifestação ocorreu onde ficam os estúdios de produção de Jornalismo da Globo. As empresas de comunicação, ao assumirem papéis político-partidários travestidos de jornalismo, foram centrais também na desestabilização política do governo anterior e na legitimação pública do golpe recente. E mais: comprometem a cultura e a democracia ao abandonarem o jornalismo e os princípios de nação na produção cultural como um todo.
Os reflexos desta opção retrógrada, que para os jornalistas já vem se manifestando há tempos com a precarização das relações de trabalho, demissões e baixos salários, em 2016 se impuseram pela miserável recusa em repor sequer as perdas salariais provocadas pela inflação.
Agora a agenda de retrocessos, que no final do ano passado se afirmou com a aprovação da PEC que congela por 20 anos os investimentos em saúde, educação e políticas sociais, se aprofunda. Está cada vez mais claro – para os jornalistas e para toda a sociedade – que a aprovação da terceirização das atividades meio e fim, o desmonte da seguridade social, proposto na chamada “reforma da previdência”, e o desmantelamento da legislação trabalhista, também já proposto no Projeto de Lei 6787/16, que terá sua tramitação na Câmara acelerada nos próximos dias – virão para retirar direitos dos trabalhadores brasileiros.
Está em curso um movimento de submissão da soberania do Estado brasileiro de forma a impedir que se altere a geopolítica mundial atrelada aos interesses dos países hegemônicos, capitaneados pelos Estados Unidos e Inglaterra. Ela se expressa na retirada de direitos dos trabalhadores e maior empobrecimento da população mais desassistida, na desnacionalização do Pré-Sal e na privatização da Petrobrás e bancos públicos.
Por tudo isso, neste 31 de março é necessário reafirmar a resistência e luta como caminho para barrar retrocessos. Neste sentido, o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina e a FENAJ reafirmam seu compromisso com o direito da sociedade a uma informação de qualidade, essencial para o exercício da cidadania, e com a democracia.
Não ao golpe, à terceirização, ao desmonte previdenciário e trabalhista!
Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina
31 de março de 2017.