No próximo dia 8 de fevereiro, o jornalista Maurício Oliveira, formado pela UFSC e com passagens por veículos de Santa Catarina e de São Paulo, lança seu novo livro, Patápio Silva, o Sopro da Arte (Editora Insular, 192 páginas, R$ 40), que retrata a vida e a obra do músico um dos maiores flautistas brasileiros de todos os tempos. O lançamento será na Via Cappella Forneria, que fica na Avenida Campeche, 1489, esquina com a Rua da Capela, no Campeche, em Florianópolis.
Nascido em Itaocara (RJ) e criado em Cataguases (MG), Patápio Silva (1880-1907) se sobressaiu como aluno do prestigioso Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tornou-se um concertista habituado a receber aplausos consagradores onde quer que se apresentasse, incluindo os palcos mais sofisticados do país.
Patápio obteve grande reconhecimento não apenas como instrumentista, mas também como compositor – várias de suas peças são executadas com frequência até hoje. Sua importância para a história da música brasileira se amplia pelo fato de ele ter sido um dos pioneiros da indústria fonográfica nacional, tornando-se o primeiro instrumentista solo a realizar gravações no país.
A morte precoce e misteriosa em Florianópolis, aos 26 anos, durante uma excursão de Patápio pelo Sul do País, só fez reforçar o mito do menino pobre e mestiço que saiu do interior para brilhar no Rio de Janeiro, capital e centro cultural do país à época. Em uma sociedade recém-saída da escravidão e fortemente marcada pelo preconceito racial, como um flautista mulato conseguiu encontrar brechas para sua ascensão social? De que forma enfrentou as situações em que o preconceito se manifestou, aberta ou veladamente?
Havia um grande número de músicos mulatos e negros dedicados à música popular na época. O diferencial de Patápio foi ter transitado com sucesso – e não apenas como instrumentista, mas também como compositor – pela seara da música erudita, típico produto da sofisticação europeia. Como ele conseguiu chegar lá é a fascinante história contada no livro.
Maurício deparou-se pela primeira vez com o curioso nome Patápio em 1998, quando folheava jornais antigos na Biblioteca Pública de Santa Catarina. Procurava por outros temas, mas não pôde ignorar as manchetes sobre a morte de um famoso flautista na pequena Florianópolis de 1907. Ao voltar no tempo como só os jornais permitem fazer, Maurício constatou o quanto a capital catarinense aguardava com ansiedade a apresentação de Patápio. Escreveu então a sua primeira reportagem sobre a trajetória do flautista e guardou a ideia de investigá-la a fundo em algum momento do futuro.
A oportunidade chegaria em 2006, com o ingresso no mestrado em História Cultural da Universidade Federal de Santa Catarina. O livro é resultado de dois anos de pesquisas, realizadas em quatro diferentes estados brasileiros, que resgatam uma das mais importantes figuras da música brasileira no início do século XX e reconstitui passagens marcantes de sua biografia – os anos de estudo no Instituto Nacional de Música, o inusitado caso da “flauta encantada” e a história de amor que pode tê-lo levado à morte.
Sobre o autor
Formado em jornalismo pela UFSC, Maurício Oliveira, 39 anos, é carioca radicado em Florianópolis. Foi repórter dos jornais O Estado, A Notícia e da revista Empreendedor, em Santa Catarina, da Gazeta Mercantil e da revista Veja, em São Paulo. Atuando desde 2003 como freelancer, tem colaborado com regularidade para veículos como Exame, Superinteressante, O Estado de São Paulo e Valor Econômico, além de prestar serviços para agências de publicidade e editoras. Publicou os livros Chacina em Anhatomirim (Terceiro Milênio, 1995), Ponte Hercílio Luz – Tragédia Anunciada (Insular, 1996, 2a ed. 2011), Na Mira dos Headhunters (Campus, 2001), História da Educação em Santa Catarina (Letras Brasileiras, 2010) e Manual do Frila (Contexto, 2010). Amores Proibidos na História do Brasil também será lançado em fevereiro, pela Editora Contexto.