Para o jornalista hondurenho Rony Martinez, a experiência da Rádio Globo de Honduras de resistência ao golpe militar naquele país no dia 28 de junho de 2009, abre perspectivas de um jornalismo mais popular, mais próximo do povo. Dentre as várias atividades que cumpre em Santa Catarina, Martinez concedeu entrevista coletiva na tarde hoje (18/03) no Sindicato dos Jornalistas, entidade que o trouxe ao Estado. Ele observou que no período do golpe de estado, enquanto as demais emissoras não transmitiam fatos relacionados ao fato político, a Rádio Globo, na qual trabalha, tomou a decisão de abrir seus microfones para a população e relatar o que realmente acontecia em Honduras.
E é sob este aspecto que ele acredita em mudanças positivas no jornalismo praticado em seu país, salientando que a Globo, uma rádio pequena, rapidamente passou a ser a mais ouvida por informar a população sobre os acontecimentos no país, já que as grandes emissoras mantinham programações alienadas à realidade política. Assim como ele, o também jornalista hondurenho Ronnie Huete, que realizou farto trabalho como fotógrafo, frisa atualmente as rádios copiam o estilo da Globo e abrem espaço para que a população possa expressar suas reivindicações, reclamações, enfim, possa falar dos seus problemas e do que o Estado precisa fazer por essa população.
Sobre o desempenho dos jornalistas durante o processo do golpe, assinalaram que muitas vezes os profissionais queriam relatar determinados fatos, mas que os donos das empresas censuravam textos e fotos ou deturpavam e manipulavam dados a favor dos golpistas. Eles acreditam que o desempenho da Rádio Globo, em ouvir a população, fortaleceu o jornalismo em Honduras e isso deve trazer boas conseqüências à categoria naquele país.
Amanhã, dia 19, eles participam do II Encontro de Soberania Comunicacional, no Sindicato dos Bancários, em Florianópolis, promovido pelo portal Desacato e pela Revista Pobres e Nojentas, junto com o Sindicato dos Jornalistas. Durante o encontro acontece, às 17h, a pré-estréia do filme “De um golpe, Honduras”, roteirizado pelo jornalista Raul Fitipaldi e dirigido por Aline Razzera Maciel.