Santa Catarina registrou terça-feira (15/12) o lançamento do nono operativo estadual da Frente Nacional de Mobilização Povo Sem Medo. Participaram cerca de 200 lideranças e militantes ligados a sindicatos, entidades estudantis, movimentos populares, de mulheres, LGBTs e organizações de juventude. Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), foi o destaque da plenária.
Boulos fez uma retrospectiva do cenário político do Brasil desde a posse de Lula, em 2003. “Se os trabalhadores ganharam algo nesse período, o empresariado teve lucros recordes”, destacou, enfatizando a opção estratégica de buscar a conciliação entre setores antagônicos da sociedade. “A margem de manobra para manejo orçamentário foi possível devido ao crescimento econômico do período.”
Ao abordar a atual conjuntura nacional, Boulos apontou as consequências desde a crise econômica iniciada em 2008. Passando pelas manifestações de junho de 2013, o líder popular citou o aumento importante do número de greves e o fim do ciclo que definiu como “pacificação da sociedade”. Diante da instabilidade no país, pontuou que a eleição de 2014 marcou uma nova estratégia do governo para recompor o “pacto social existente anteriormente”, e ao mesmo tempo nos levou “ao drama do atual período”.
Tarefas da Frente
As tarefas da Frente Povo Sem Medo, de acordo com Guilherme Boulos, são combater o conservadorismo desencadeado a partir do Congresso Nacional. Além disso, está na ordem do dia posicionar-se contra o pedido de impeachment aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Eduardo Cunha (PMDB). Isso porque tal medida, caso venha a ocorrer, em nada beneficiará a classe trabalhadora.
Porém, mesmo entendendo isso, Boulos ressaltou que não cabe à Frente Povo Sem Medo adotar uma posição de blindagem do governo federal. Para ele, isso seria uma “posição de defesa do indefensável”. Ao invés disso, deve-se combater a política de ajuste e austeridade fiscal, implantada por Dilma Rousseff e o ministro que ela sustenta na Fazenda, Joaquin Levy.
Diante desse cenário, Boulos destacou como eixos principais da Frente Povo Sem Medo construir o que define como “novo ciclo político”. Para isso, os movimentos que compõem a Povo Sem Medo precisam defender um amplo programa de reformas sociais. É necessário, ainda segundo ele, resgatar o trabalho político nas ruas, nos bairros e nos locais de trabalho. Sem isso, avaliou, o pêndulo seguirá muito difícil para as forças de esquerda do Brasil.
OPERATIVO
Ao fim do ato de lançamento, foram chamadas representações das entidades, movimentos e organizações que farão parte do operativo catarinense da Frente Povo Sem Medo. Uma reunião foi convocada para a próxima terça-feira (22/12), às 19h30, no auditório do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem) – Rua Fernando Machado, 203 – Centro – Florianópolis.