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Descaso: Donos de jornais ignoram encaminhamento do MPT para repor inflação a jornalistas de SC

Os representantes das empresas de comunicação de Santa Catarina ignoraram as sugestões do Ministério Público do Trabalho e abandonaram a mesa de negociação com os jornalistas de Santa Catarina. A categoria, que está há dois anos sem reajustes, pede reposição das perdas inflacionárias do período, que são de 10,24%, conforme o INPC, para as data-base de 2020 e 2021. Já a proposta dos empresários é pagar apenas um terço da inflação desconsiderando a reposição retroativa.

Após oito encontros, na última semana, os Sindicatos dos Jornalistas e Patronal realizaram uma rodada de mediação convocada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-SC). No encontro, o procurador do Trabalho Marcelo Dal Pont foi sensível à causa dos jornalistas na reposição das perdas salariais e reforçou a garra e o profissionalismo dos trabalhadores, inclusive, durante a pandemia. Dal Pont sugeriu aos representantes das empresas que fosse elaborada uma nova proposta que contemplasse o pagamento dos 10,24% com a possibilidade de pagamento dos retroativos de forma parcelada.

Os representantes dos jornalistas sinalizaram positivamente para a proposta. O sindicato patronal tinha até o último dia 24 de agosto para se manifestar sobre a possibilidade de nova rodada de mediação para o dia 27. A resposta foi negativa e, com isso, a mediação do MPT foi encerrada com o abandono dos representantes da classe patronal da mesa de negociação.

Na mensagem enviada ao MPT, o Sindicato Patronal afirmou que não houve entendimento quanto à proposta apresentada pelo MPT, mantem a proposta de 3.80%, a partir de 1º de maio de 2021, ignorando a data-base de 2020, adiada por conta da pandemia. Com isso, a nova rodada de mediação, agendada para esta sexta-feira, 27, foi cancelada.

Empresários faturaram milhões em publicidade na pandemia

Durante as negociações, os empresários insistiram na tese da “queda de faturamento” para negar o reajuste, sem apresentar qualquer dado que justificasse a proposta rebaixada de 3,8%, praticamente um terço da inflação do período.

Os jornalistas argumentaram que a sociedade brasileira como um todo foi impactada pela pandemia e que em todos tem arcado com os impactos da inflação. E que o impacto da pandemia sobre os jornalistas foi bem maior que a alegada queda de faturamento dos empresários —a inflação real para a classe trabalhadora é sabidamente maior que o INPC apurado, principalmente em despesas fixas como gás, combustível, transporte, aluguel e alimentação.

Por outro lado, durante a pandemia, os empresários reduziram custos com a redução de jornadas e salários em no mínimo 25%, receberam incentivos fiscais e faturaram milhões com verbas publicitárias. Já os trabalhadores, além de se exporem aos riscos da pandemia tiveram os salários reduzidos com os efeitos das medidas do governo federal que só beneficiaram os empresários.

Um levantamento realizado pelo Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina mostra que só neste ano as empresas de comunicação de SC receberam mais de R$ 77 milhões em verbas publicitárias do governo do Estado (afora o faturamento com publicidades de empresas privadas, ALESC, prefeituras e Câmaras Municipais).

Além disso, uma das principais empresas de comunicação do estado, a NSC, recentemente apresentou aos funcionários números positivos dos negócios da empresa apurados no primeiro semestre de 2021. Outros veículos também anunciaram com pompa, mesmo na pandemia, a expansão de operações no estado.

Via judicial

A pauta de reivindicações dos jornalistas foi encaminhada ao Sindicato patronal no dia 23 de abril. Entre os pedidos constavam o reajuste salarial referente ao INPC do período de maio/19 a abril/20 (2,46%) e de maio/20 a abril/21 (7,59%), reestabelecendo o piso salarial para a jornada de 5 horas em R$ 2.649,38 (retroativo a maio de 2020) e reivindicando piso de R$ 2.900,00 a partir de maio de 2021.

A proposta inicial apresentava 67 cláusulas, das quais 11 foram destacadas para a negociação coletiva, incluindo cláusulas sociais — com demandas básicas como vale refeição, ajuda de custo no home office e equipamentos para cobertura de risco, por exemplo. Todas negadas pelos empregadores.

O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina convocará assembleia geral da categoria para decidir os novos rumos da campanha salarial. Uma das possibilidades será cobrar a reposição da inflação na Justiça, com a instauração de Dissídio Coletivo.

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