Vivemos um momento decisivo para o movimento sindical em Blumenau. A cidade testemunha ao longo do ano processos eleitorais que vão definir não apenas as diretorias de diferentes sindicatos mas os rumos da organização dos trabalhadores na cidade. Os interesses em torno dos pleitos transcendem as categorias. Por isso, as disputas vão além do comando das entidades sindicais e de questões corporativas. Referem-se ao poder das lutas sociais dos povos.
A história mostra que a união dos trabalhadores em prol de lutas coletivas se constitui um elemento fundamental para a resistência contra as injustiças sociais. Sem lutas, mobilizações e pressões sociais não há conquistas para o povo, cujo poder é ilimitado.
Mudanças profundas só são construídas a partir de lutas, como passeatas, mobilizações, greves, marchas e pressões populares. As experiências têm demonstrado que a participação eleitoral, com candidatos e partidos políticos, seja para as câmaras municipais de vereadores, assembleias legislativa, câmara e senado federal, seja para as prefeituras, governos estaduais e federal, é importante. Porém, não se mostra eficaz para promover as verdadeiras transformações sociais.
Sem a interferência de interesses eleitoreiros movidos apenas pela ânsia de votos, os sindicatos têm maior liberdade para defender os direitos e interesses coletivos. A iniciativa de criação do Fórum dos Trabalhadores de Blumenau (FTB), que reúne mais de dez sindicatos de trabalhadores da cidade, fortalece as lutas coletivas, a exemplo das mobilizações contra o aumento da passagem de ônibus e a privatização do esgoto, a favor das vítimas da tragédia de novembro de 2008, das lutas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela reforma agrária no País e do Movimento dos Atingidos pelo Desastre (MAD). Com o objetivo de concretizar a solidariedade na luta pelos interesses gerais dos trabalhadores, as entidades participantes do FTB mantêm relações com as demais entidades de classe de diferentes categorias profissionais.
Mobilizações coletivas são capazes de empreender mudanças necessárias para a distribuição de renda e participação popular. As disputas contra a hegemonia das elites e de seus interesses têm que ser fruto de um processo de lutas, mobilizações e pressões sociais coletivas, dos trabalhadores, dos movimentos sociais diversificados.
As tentativas de cooptação por parte de partidos políticos ou a troca de favores em benefício de uma minoria denigrem e enfraquecem o movimento sindical. Sindicatos, movimentos sociais, militantes, ativistas e dirigentes precisam ter a dimensão da responsabilidade que carregam, sem perderem a autonomia.
Autor:Magali Moser – Jornalista