Foram registrados 161 casos de violência contra jornalistas no Brasil em 2016, um crescimento de 17,52% em relação ao ano passado. Esse é um dos dados presentes no Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa 2016, produzido pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) em parceria com os sindicatos de todo o país. O documento foi lançado nesta quinta-feira (12/01), durante uma coletiva à imprensa, no auditório do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro.
“Uma das causas desse aumento é, em primeiro lugar, o maior número de jornalistas que estão denunciando. A visibilidade que a FENAJ tem dado para o tema, além das mídias alternativas, encoraja os profissionais a denunciarem”, aponta a presidenta da Fenaj, Maria José Braga.
Outro motivo para o crescimento dos casos é o momento político do país. “Grande parte dessas agressões ocorreram em manifestações públicas. Esse é um fenômeno que surgiu em 2013 e que tem se mantido nesses anos todos. Ao cobrirem manifestações públicas, os jornalistas têm sido agredidos, principalmente por policiais, mas também por manifestantes”, diz Braga.
As agressões físicas foram a violência mais comum em 2016. Foram 58 casos, 49 a mais do que em 2015. De acordo com Maria José, a maioria dos casos fica impune. “Nas manifestações de rua, a impunidade acaba sendo total. Os policiais e os manifestantes quase nunca são identificados. Os agressores, portanto, nunca serão punidos”, afirma.
Dois jornalistas foram assassinados em 2016
O relatório também reporta dois casos de assassinato contra jornalistas no ano passado. Também menciona a morte de outros cinco comunicadores: dois blogueiros, dois radialistas e um comunicador popular. O relatório traz ainda 26 casos de agressões verbais, 24 de ameaças/intimidações, cinco de atentados, três de censura, 18 cerceamentos à liberdade de imprensa por meio de ações judiciais, 13 impedimentos ao exercício profissional, dez casos de prisões, detenções ou cárcere privado e duas situações de violência contra a organização sindical da categoria.
Os 161 casos de violência vitimaram 222 jornalistas. O documento também registra a queda do avião da Lamia na Colômbia, que transportava a delegação da Chapecoense e mais 22 profissionais de imprensa. Apenas o repórter Rafael Henzel, de Chapecó, foi resgatado com vida. Foi o acidente com o maior número de jornalistas mortos da história.
O relatório, que é produzido desde 1998, é um importante instrumento de denúncia pública dos crimes cometidos contra os jornalistas no exercício de sua profissão. “O objetivo da Federação é chamar a atenção para esse problema, dizer que o jornalista e o jornalismo cumprem um importante papel social e, portanto, tem que ter condições de exercer seu trabalho. Essas condições passam pelas questões trabalhistas e pela garantia de segurança para os profissionais”, diz Maria José.
No evento, o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina foi representado pela diretora Valci Zuculoto.