0,00 BRL

Nenhum produto no carrinho.

Qualidade da programação e grande participação marcam o 6º Congresso dos Jornalistas de SC

O 6º Congresso dos Jornalistas de Santa Catarina, realizado de 28 a 30 de setembro, em Laguna, constituiu-se no maior dos eventos deliberativos da categoria no estado. As atividades contaram com mais de 90 participantes de 17 cidades do estado, entre delegados, observadores, estudantes, convidados e oficineiros, além de representantes da FENAJ e dos Sindicatos dos Jornalistas do Paraná e do Rio Grande do Sul. Ao final do evento foram aprovadas as teses e a delegação de Santa Catarina ao 35º Congresso Nacional dos Jornalistas, a realizar-se de 7 a 10 de novembro, em Rio Branco (AC).

Além do lançamento de livros e da abertura oficial com representantes do governo do estado, da prefeitura de Laguna e da ACI (Associação Catarinense de Imprensa), a confraternização em um restaurante com música ao vivo marcou a noite de sexta-feira (28/09) no sul do estado. Na avaliação do presidente do SJSC, Valmor Fritsche, o congresso catarinense teve como destaques a grande participação e o alto nível dos debates: “Encontros como este são fundamentais para discutir os rumos da nossa profissão e o fórum apropriado para aprovar as deliberações da categoria”.

Já no sábado, a programação foi intensa. Na conferência de abertura, o presidente da FENAJ, Celso Schröder, abordou o tema central do evento, “Novas Tecnologias e seus Impactos no Exercício Profissional do Jornalismo”, destacando o papel dos jornalistas Daniel Herz e Adelmo Genro Filho no debate teórico da comunicação no Brasil, a importância da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) para a luta pela democratização da comunicação no país e criticando a “postura ingênua de setores dos movimentos sociais” que apoiaram a aprovação do PL 29/07 — projeto de lei que, na prática, aniquila com diversas conquistas obtidas com a regulamentação da TV a cabo, ocorrida em 1995.

Contrapondo-se à concepção cada vez mais disseminada do “novo jornalismo” advindo das novas tecnologias, Schröder sustentou que “o papel social do jornalista e a essência do Jornalismo se mantém, o que mudam são as plataformas, linguagens e técnicas, mais adequados a um veículo impresso, ao rádio, à TV ou a um site”, disse. Para ele, é um equívoco considerar que qualquer pessoa que produza conteúdos para um blog, um site ou redes sociais esteja fazendo jornalismo. “Uma coisa é emitir opinião, defender a posição de uma organização da qual você participa, ou dizer em qual salão um determinado artista está fazendo a unha; outra coisa é investigar, produzir e disseminar sistematicamente informação de interesse público; e, para isso, é fundamental um profissional com formação específica”, disse.

PAINEIS

Em seguida, dois painéis contribuíram com o enriquecimento dos debates. No primeiro, “Muito além de Clark Kent: superjornalistas multitarefa, jornadas extenuantes e salários aviltantes”, a vice-presidente da FENAJ e diretora do Sindicato dos Jornalistas de Goiás, Maria José Braga, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS e vice-presidente Regional Sul da FENAJ, José Nunes, e o presidente do Sindicato dos Jornalistas do PR, Guilherme Carvalho, debateram a realidade da profissão com o advento das novas tecnologias. Destacou-se a necessidade de garantir o respeito à jornada de trabalho, a saúde dos jornalistas, a regulamentação da profissão e as lutas nacionais por mais segurança e combate à violência contra jornalistas, a aprovação da PEC dos Jornalistas na Câmara dos Deputados e a instituição do piso salarial nacional para a categoria.

No segundo painel, o professor do curso de Jornalismo da UFSC, Eduardo Meditsch — que fez parte da comissão de especialistas responsáveis por elaborar a proposta de novas diretrizes curriculares para os cursos de Jornalismo —, o coordenador do curso de Jornalismo do Ielusc (Joinville) e membro da diretoria do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, Silvio Melatti, e o coordenador do curso de Jornalismo do IBES/Sociesc (Blumenau), Eumar Francisco da Silva — que também é membro da Comissão de Ética dos Jornalistas de Santa Catarina —, discutiram o tema “Novas diretrizes curriculares e a formação acadêmica em tempos de Jornalismo multifacetado”.

Além da necessidade de maior qualificação da formação acadêmica em Jornalismo, uma pergunta ficou no ar: por que a Comissão Nacional de Educação (CNE), após três anos de debates e audiências públicas, que contaram com a participação de diversos setores sociais, mantém engavetada a propostas de novas diretrizes curriculares que resultou deste processo? A FENAJ, o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ) e a Associação Brasileira de Pesquisadores de Jornalismo (SBPJor) apoiam a proposta da comissão de especialistas e estão buscando resposta para esta pergunta junto ao Ministério da Educação.

OFICINAS DE ATUALIZAÇÃO

Entre os dois painéis, a programação do 6º CJSC contemplou quatro oficinas de atualização profissional que contaram com grande participação do público. Alexandre Gonçalves, de Florianópolis, especialista em mídias digitais e diretor do SJSC, ministrou a oficina 1, “O uso de redes sociais: riscos e benefícios”. Já a oficina 2, “Novas oportunidades de mercado: a força do hiperlocal”, foi ministrada pelas jornalistas de Criciúma Andressa Fabris, da Alfa Comunicação, e Ana Paula Cardoso, do Portal Engeplus. O jornalista freelancer Maurício de Oliveira, de Florianópolis, ministrou a oficina 3, “Jornalista por conta própria: indo além da assessoria de imprensa e boas práticas para incrementar o currículo”, e a professora da Unochapecó, cineasta e documentarista Ilka Goldschmidt ministrou a oficina 4, “Além da cobertura diária e factual: produzindo mídias alternativas e documentários jornalísticos”.

APROVAÇÃO DE TESES

A fase deliberativa do 6º CJSC ocorreu em plenária realizada no domingo pela manhã. Além das oito teses guia nacionais, foram aprovadas quatro teses apresentadas pelo SJSC. A primeira trata de uma pesquisa sobre o perfil do jornalista brasileiro, que está sendo realizada por pesquisadores da UFSC com apoio da FENAJ. Ela propõe que, além de ampla divulgação do resultado da pesquisa, a FENAJ organize seminários regionais para avaliar o resultado da pesquisa e traçar linhas de ação sindical por melhores trabalhos e condições de trabalho. A segunda defende a criação do Núcleo de Jornalistas de web de Santa Catarina. Já a terceira sugere a realização do I Encontro dos Jornalistas no Serviço Público de SC e a quarta tese propõe o aumento da fiscalização sobre registro profissional, a reorganização dos profissionais de imagem de SC, a ampliação da relação do SJSC com a Associação de Propriedade Intelectual dos Jornalistas (APIJOR) e uma consulta à categoria para a atualização da Tabela de Serviços Freelance no estado.

DELEGAÇÃO CATARINENSE

Ao final do evento, foi eleita a delegação de SC ao 35º Congresso Nacional dos Jornalistas, composta por Valmor Fritsche, Lourdes Sedlacek, Hermínio Nunes, Tânia Machado de Andrade, Aderbal Filho e a estudante de Jornalismo Bruna Alves Vasconcelos, da Faculdade Estácio de Sá (com Taynara Macedo, da Universidade Federal de Santa Catarina, como suplente), e aprovada a Carta de Laguna.

Carta de Laguna

Os jornalistas reunidos no 6o Congresso de Jornalistas de Santa Catarina, de 28 a 30 de setembro de 2012, em Laguna, Santa Catarina, inspirados no ideal de Anita e Giuseppe Garibaldi, heróis de dois mundos, reafirmam a necessidade de continuar a luta contra a exploração, a sobrecarga de trabalho e os baixos salários, incompatíveis com a importância social do jornalismo, fundamental para a sustentação de uma sociedade democrática. O tema do Congresso – Novas tecnologias e seus impactos no exercício profissional do Jornalismo – impõe a necessidade de rediscutir a profissão, para estabelecer novos parâmetros, que definam limites ao excesso de tarefas, pois a modernidade dos equipamentos tecnológicos contrasta com a precarização das condições de trabalho.

No momento em que o capitalismo se vê confrontado com os limites físicos de destruição dos recursos naturais; em que a ameaça de uma inédita mudança climática pode gerar graves tensões sociais, com impactos devastadores que se farão sentir com maior intensidade sobre as populações mais pobres, mais uma vez é preciso destacar a importância de usar as novas tecnologias a serviço do bem-estar humano.

O contraponto a esse cenário preocupante é a garantia da veiculação de informações éticas, de qualidade, com foco no interesse público – essência da atividade jornalística, que tem no Código de Ética os princípios que orientam a conduta dos integrantes da categoria. E, nesse sentido, é preciso avançar na criação de mecanismos para a democratização da comunicação, um direito dos cidadãos, hoje reféns de grandes corporações midiáticas, que atuam como se fossem um partido político, tentando influenciar o debate dos principais temas que interessam à população, pautando a sua atuação na defesa dos interesses do capital e atacando os movimentos sociais e os trabalhadores.

Os jornalistas presentes neste 6o Congresso reafirmam a necessidade de resgatar as conquistas e avançar na luta pela formação profissional específica, regulamentação da profissão e pela criação do Conselho Federal de Jornalistas (CFJ).

A defesa de um piso salarial nacional é parte de uma luta mais ampla pelo direito ao trabalho digno, o que inclui a atenção permanente à saúde e à segurança dos profissionais.

Os desafios que os jornalistas enfrentam como autores de obras intelectuais aumentaram nos últimos anos com o desenvolvimento tecnológico, notadamente com a popularização da internet.

A Fenaj, com o apoio dos sindicatos, vem ajudando a realizar uma pesquisa nacional com o objetivo de traçar o perfil da categoria. Conhecer quem somos, onde estamos e as condições em que atuamos será um passo importante para definir as estratégias que garantam melhores condições de trabalho e informações de qualidade à sociedade.

Faz-se necessário ampliar a organização dos núcleos de jornalistas de web, valorizar os jornalistas no serviço público e assegurar direitos previstos na regulamentação da profissão.

Os jornalistas presentes ao 6o Congresso renovam a convicção de que participar das lutas com os sindicatos, com a Fenaj, com as escolas de comunicação e com os movimentos sociais é o que vai garantir um futuro melhor aos jornalistas e a todos os trabalhadores brasileiros, para que a qualidade de vida, a solidariedade e a superação das desigualdades sociais sejam os elementos centrais da construção de uma nova sociedade, sem exploração, sem preconceito, bem informada e democrática.

Laguna (SC), 30 de setembro de 2012.

Matérias semelhantes

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Mais lidas