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Ação contra estudantes de jornalismo da Unochapecó foi repassado para o MPF de Erechim (RS); eles gravaram programa de rádio com ofensas aos moradores de Nonoai

A gravação de um programa de rádio com mensagens ofensivas aos moradores vizinhos de Nonoai (RS) está rendendo dor-de-cabeça a alguns estudantes da Unochapecó, em Chapecó. Eles ridicularizam o sotaque dos agricultores do município gaúcho, a origem indígena e a religiosidade da população. O caso teve ampla repercussão na região e a Funai (Fundação Nacional do Índio) denunciou o fato ao Ministério Público Federal de Chapecó como racismo. Em decorrência da jurisdição, o processo foi repassado à representação do MPF em Erechim (RS). O programa foi apresentado na rádio da universidade por estudantes do quinto semestre de jornalismo, que alegaram “estar fazendo um programa de humor”.

Dentre as passagens da apresentação, os mártires de Nonoai, padre Manuel e o coroinha Adílio, beatificados pelo Vaticano em 2007, foram chamados de “santos do pau-oco”. Em outros trechos, a padroeira Nossa Senhora da Santa Luz foi chamada de “Nossa Senhora da Vaca” e os índios caingangues, comparados a “integrantes de gangues”. O conteúdo do programa também foi postado em blogs assinados pelos alunos, com áudio e texto.

Os fatos levaram a população ofendida a redigir a Carta Oficial de Nonoai, enviada à Unochapecó, com pedido de explicações. A reitoria da universidade manifestou-se sobre o caso pedindo desculpas oficiais à comunidade de Nonoai e instaurou procedimento disciplinar para apurar responsabilidades sobre o programa. Conforme a assessoria da Unochapecó, o trabalho teria sido feito sem orientação de professor e sem o conhecimento do coordenador do curso.

O prefeito de Nonoai, João Vianei Rubin (PP), afirmou que “queremos acertar isso porque consideramos a universidade e o município de Chapecó como irmãos. Foi uma afronta muito grande para a comunidade”.

Os estudantes Aline Cristiane de Menezes, Andressa do Nascimento, Augusto Zeiser, Julherme José Pires, Luan Diego Vosnhak e Rafael Miotto:responderam com uma carta de desculpas (leia íntegra abaixo) na qual dizem “todos concordam que as expressões e brincadeiras foram levianas e infantis. Erramos em não conhecer a cultura local e, mesmo assim, julgá-la de forma tão imatura e sem ética”.

Nota de Esclarecimento dos alunos
“Diante do ocorrido, nós, os responsáveis pela terceira edição do programa Comunicast, veiculado pelos blogs Juno e Papos de Jornalista, dos dias 10 e 14 de março, pedimos profundas desculpas à comunidade de Nonoai, bem como a todos os seus representantes. Todos concordam que as expressões e brincadeiras ali ditas para com a cidade fora levianas, infantis e retrógradas, erramos ao não conhecer a cultura local, e, mesmo assim julga-lá de forma tão imatura e sem ética. Gostaríamos de, publicamente, nos desculpar com toda a comunidade religiosa, indígena, política e social de Nonoai.

A real intenção do programa não era denegrir, de forma alguma, a cidade Rio Grandense que, hoje sabemos, merece muitos méritos por sua união orgulho pela sua cultura, história e tradições, que, de forma alguma tentamos desvalorizar. Afirmamos aqui que o Comunicast é totalmente humorístico, mas que extrapolamos, e muito, os nossos limites, partindo para plena ignorância.

Viemos por meio desta também eximir a Unochapecó e o curso de Jornalismo de toda a polêmica que envolve o assunto. Queremos também nos desculpar com os demais acadêmicos do nosso Curso, dizendo que estamos muito arrependidos pelas coisas que dissemos e principalmente pela repercussão que essa idiotice tomou. O Comunicast episódio três, que cita Nonoai, foi reformulado e reeditado, tendo as partes ofensivas retiradas e totalmente excluídas de qualquer veiculação de nossa parte.

Queremos mais uma vez demonstrar indignação com nossas próprias palavras. Aprendemos hoje lições que nunca mais esqueceremos, que nossas ações devem ser tomadas com ética e responsabilidade, que nos faltou neste momento. Passamos a imagem distorcida de uma região, uma cultura e um povo que pouco conhecíamos. Agora pudemos descobrir um povo que luta por seus direitos e que deve servir de exemplo para nós, que nos conformamos com a situação atual da classe.

Deixamos aqui nossas mais sinceras desculpas à todas as pessoas que, de alguma forma atingimos, agradecemos ao Prefeito Municipal de Nonoai, João Vianei Rubin, a extrema atenção que nos deu quando precisamos contatá-lo. Ao povo Nonoaiense só nos resta, mais uma vez, expressar nossas profundas, arrependidas e singelas desculpas. Esperamos que entendam a barbárie que fizemos e, não tentando nos redimir, mas afirmando que errar faz parte de nossa natureza humana, possam nos desculpar apesar de toda a confusão que o infeliz episódio causou”.

Fontes: Rádio Difusora e jornais Atos e Fatos e Zero Hora

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