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Maioria dos casos de violência contra jornalistas em 2014 ocorreu em manifestações, diz relatório

A FENAJ lançou, no dia 22 de janeiro, na sede da ABI, no Rio de Janeiro, o “Relatório 2014 da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil”. Segundo o levantamento, no ano passado foram registrados 129 casos de agressões a jornalistas, dentre elas 3 mortes. A Região Sul, que em 2013 foi a menos violenta para os jornalistas, em 2014 ficou em terceiro lugar no número de agressões, com 16 ocorrências (12,4% do total). A maioria delas foi registrada em Santa Catarina (sete).

A realização de 1 minuto de silêncio em memória dos jornalistas mortos no exercício da profissão no ano passado, e em protesto pelas agressões praticadas contra os jornalistas, marcou o lançamento do relatório http://www.fenaj.org.br/federacao/comhumanos/relatorio_fenaj_2014.pdf, que contou com as participações da secretária geral da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), Beth Costa, do diretor de Assistência Social da ABI, Arcírio Gouvêa, do presidente da FENAJ, Celso Schröder, e da vice-presidente da entidade, Maria José Braga, que elaborou o relatório final.

O documento traz dados por região, estado, gênero, tipo de mídia e agressores, além do relato dos casos. Grande parte dos 129 registros ocorreu durante manifestações de rua e foi praticada por policiais. E embora os dados apontem uma redução de 30% das agressões em relação a 2013, os casos de violência extrema – assassinato – aumentaram em relação a anos anteriores.

Assassinatos

O assassinato do repórter cinematográfico da Band do Rio de Janeiro, Santiago Ilídio Andrade, foi apontado como o mais emblemático da violência contra jornalistas registrada no ano passado. Ele foi atingido por um artefato explosivo, lançado por um manifestante durante um protesto popular realizado no dia 6 de fevereiro de 2014, foi hospitalizado e morreu quatro dias. Os responsáveis foram identificados, presos e respondem a processo criminal.

O mesmo desfecho não se verificou nos outros dois casos de assassinatos ocorridos no ano passado, os dos jornalistas Pedro Palma, do Rio de Janeiro, e Geolino Lopes Xavier, conhecido como Geo, da Bahia. Estes crimes tiveram características de assassinatos por encomenda, seus autores não foram identificados e permanecem impunes.

No relatório aponta, também, a morte de três radialistas e um blogueiro, não computados nos dados gerais por não pertencerem à categoria, além da morte de quatro jornalistas em crimes não relacionados com o exercício da profissão.

Protestos

Celso Schröder, presidente da FENAJ, destacou que, das 129 agressões contra jornalistas identificadas, 50,4% (65), aconteceram durante protestos. Destas,48,06% foram praticadas por policiais e 12,4% por manifestantes. A região Sudeste foi, mais uma vez, identificada como a mais violenta para os jornalistas, com 55,81% das agressões.

Ainda entre os vários dados do levantamento, identificou-se 17 casos de agressão física não relacionada a manifestações (13,17%), 12 de cerceamento à liberdade de expressão com ações judiciais (9,3%), 11 de ameaças e intimidações (8,52%) e 7 de agressões verbais (5,43%).

 

Confira os 7 casos registrados em Santa Catarina

Florianópolis – 25 de fevereiro

Equipes da imprensa catarinense foram alvo de intimidações e ameaças. Profissionais do jornal Notícias do Dia, da TVCom e da RICTV foram atacados no Morro do Horácio, em Florianópolis, com pedras e tiros por criminosos. Um dos veículos teve o vidro traseiro quebrado, mas nenhum dos profissionais – que transitavam a caminho das redações do jornal e das TVs – ficou ferido.

Itajaí – 12 de abril

O repórter-cinematográfico Fabiano Correia da Silva, da RIC Record, foi atingido no pescoço por uma garrafa de água, lançada por um torcedor durante o jogo Marcílio Dias e Atlético de Ibirama, no estádio Hercílio Luz. Em meio a um tumulto ocorrido no jogo, quando torcedores protestavam contra a diretoria do Marcílio Dias, outro repórter também foi ameaçado por torcedores.

Biguaçu – 15 de maio

A repórter Elaine Stepanski e o repórter fotográfico Eduardo Valente, do jornal Notícias do Dia, foram agredidos verbalmente pelo vereador José Braz da Silveira (PSDB) e pela advogada Sara Rúbia Silveira Santos, quando investigavam possíveis irregularidades no cumprimento do horário de trabalho de funcionários da Câmara Municipal. A repórter teve o gravador arrancado de suas mãos pela advogada, que o arremessou para outro lado do balcão, quebrando-o e não o devolvendo. Temendo que o repórter fotográfico registrasse o ato violento, o vereador José Braz da Silveira tentou tirar a máquina fotográfica do repórter, que teve sua lente danificada. Depois o vereador desferiu palavrões contra a repórter.

Florianópolis – 7 de agosto

O presidente da FENAJ, Celso Schröder, o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, Valmor Fritsche, a dirigente da FENAJ e do sindicato estadual, Valci Zuculoto, e o dirigente estadual Aderbal Filho foram impedidos de entrar na redação do Diário Catarinense, em Florianópolis. Os sindicalistas foram se solidarizar com os jornalistas devido ao processo de demissões em massa promovido pelo Grupo RBS – que atingiu profissionais também no Rio Grande do Sul -, mas foram barrados por determinação vinda da sede da RBS, em Porto Alegre.

Por telefone, falando de Porto Alegre, o assessor jurídico da RBS, Ary dos Santos, disse a Valmor Fritsche que quem estava autorizado a admitir a entrada na redação não se encontrava no prédio e por isso os representantes da categoria não poderiam entrar. Fritsche contra-argumentou que o livre acesso dos dirigentes sindicais aos locais de trabalho dos jornalistas estava previsto em Convenção Coletiva da categoria e que qualquer outra chefia poderia autorizar. “Esta convenção não vale nada”, reagiu o advogado. Questionado sobre estar ciente de que a empresa estaria “comprando uma briga” desnecessária com o Sindicato da categoria e rasgando a Convenção, o preposto da RBS finalizou a conversa: “É posição da empresa, vocês não entram, e ponto.”

Blumenau – 15 de agosto

O diretor do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, Aderbal Filho, foi impedido de entrar no Jornal de Santa Catarina, de Blumenau, veículo do Grupo RBS. Nenhuma justificativa foi apresentada para o dirigente sindical que tentava visitar a redação.

Florianópolis – 15 de outubro

Profissionais de imprensa tiveram o acesso à Câmara Municipal e seu trabalho dificultado, em razão da cobertura da Operação Ave de Rapina, deflagrada pela Polícia Federal para investigar crimes contra a administração pública de Florianópolis. As denúncias de fraudes e corrupção envolvem também a Câmara de Vereadores. Em um dos casos, quando equipes de TV buscavam entrevistar o ex-presidente da Câmara, vereador Cesar Farias, uma jornalista da assessoria de imprensa da Casa tentou impedir a captação de imagens colocando a mão na lente de uma câmera.

Nova Trento – 26 de novembro

O jornalista Raul Sartori foi ameaçado de morte pelo vereador Leonir Maestri, na cidade de Nova Trento (SC). O jornalista acompanhava, no dia 26/11, a instalação da CPI que vai investigar indícios de fraude em notas fiscais de despesas que três vereadores locais – o próprio Maestri, Valfredes Marchi e o presidente da Casa, Airton Dalbosco – fizeram durante a Marcha dos Prefeitos, em maio, em Brasília. O vereador Leonir Maestri agrediu-o verbalmente chamando-o de “bandido” e dirigindo ofensas ao jornal O Trentino. Ao final da sessão, em frente à Câmara de Vereadores de Nova Trento, Maestri abordou Raul Sartori, proferindo a frase “a tua hora vai chegar” e gesticulando com os dedos indicador e polegar como se estivesse apontando uma arma. Raul Sartori registrou a ocorrência na Delegacia de Polícia de Nova Trento.

 

Com informações da FENAJ

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