Após a realização, nos dias 19 e 20 de novembro, de um Planejamento Estratégico para os próximos três anos, a diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina prepara seu plano de ação para 2012. O desenvolvimento das ações para o ano que vem se dá paralelamente às tarefas de reorganização da entidade, uma vez que a atual gestão recebeu da anterior um Sindicato sucateado onde inclusive os dados de centenas de sócios foram perdidos.
Como a gestão anterior se negou a fazer uma transição democrática, a nova diretoria assumiu o SJSC sem receber informações detalhadas sobre as relações com assessorias, prestadores de serviços, negociações com empresas, governo e legislativo, processos judiciais, relações com universidades e com o movimento sindical, entre outros. Por força das circunstâncias, em grande medida o trabalho inicial voltou-se para as tarefas internas de arrumação da casa. Os próprios espaços de representação política do SJSC não estavam mapeados e foram levantados na medida da demanda.
No plano externo e político mais geral, a atual direção, com base no programa de trabalho apresentado no processo eleitoral da entidade, priorizou a reaproximação com o movimento sindical nacional dos jornalistas e com as faculdades e estudantes de Jornalismo. Na ação nacional, o SJSC marcou presença em Brasília no movimento que culminou com a aprovação da PEC 33/09 (PEC do Diploma) no Senado em 1º turno e na luta mais geral pela democratização da comunicação, com a presença no Comitê pela Democratização da Comunicação de Santa Catarina (CDC/SC) e participando da XVI Plenária Nacional do FNDC, em São Paulo. Já nas relações acadêmicas, o Sindicato participou de atividades e debates na Unoesc (São Miguel do Oeste), Unochapecó, Sociesc (Blumenau), Unisul (Palhoça), Satc (Criciúma) e com a UFSC, em Florianópolis.
Paralelamente, a entidade se fez presente em ações e audiências trabalhistas em Joaçaba, Criciúma e Chapecó. Também ocupou o vácuo deixado pela gestão anterior na representação junto a iniciativas de valorização da profissão como os prêmios de Jornalismo. Buscou ainda a aproximação com entidades dos profissionais de imprensa como a ACI (Associação Catarinense de Imprensa) e a Assimvi (Associação de Imprensa do Médio Vale do Itajaí).
Os olhares da atual direção voltaram-se, também, para as condições de trabalho dos jornalistas, com o acompanhamento da mais recente iniciativa de impacto no mercado de trabalho catarinense, a inauguração das novas instalações do Diário Catarinense, do jornal Hora de Santa Catarina e do DC Online. Após ouvir as reclamações da categoria, o Sindicato encaminhou as reivindicações para a direção da RBS.
Jornalistas excluídos
A situação encontrada pela gestão “Vamos Juntos” quando assumiu o SJSC, há quase três meses, parecia a de uma casa abandonada. Móveis destruídos por cupins, equipamentos de informática quebrados, obsoletos ou necessitando de reparos. E o quadro desolador não se observou apenas quanto à estrutura física. Documentos como carteiras de trabalho e da FENAJ, além de sete pedidos de registro profissional, estavam jogados em gavetas. Correspondências estavam sem encaminhamento ou registro de respostas.
Mais grave, no entanto, foi levantamento da situação do cadastro de sócios do Sindicato junto à empresa que fornece o serviço. Descobriu-se que a gestão passada simplesmente expurgou cerca de 900 associados que não estavam em dia. Nomes, endereços, telefones, e todos os outros contados foram excluídos do sistema. A empresa de informática está tentando encontrar os dados em antigos backups.
A pão e água
Embora a gestão passada tenha anunciado que as contas estavam em dia e que o saldo bancário era positivo, a realidade enfrentada no início da atual gestão não foi nada fácil. As contas de setembro não foram pagas, inclusive o salário das funcionárias. E como o trâmite para transferir talões de cheque e senhas bancárias demorou mais de 30 dias, a solução foi solicitar empréstimo junto a entidades sindicais apoiadoras para pagar as pendências mais urgentes.
A gestão anterior do SJSC ainda fez uma impressão do Papel Jornal, veículo oficial do Sindicato dos Jornalistas (distribuído no último dia de mandato) com uma série de críticas à chapa vencedora do processo eleitoral. E ainda deixou a conta para a nova gestão pagar.
O levantamento realizado evidenciou, também, que o sistema de arrecadação do sindicato tem problemas. Foi detectada uma fragilidade na cobrança de mensalidades/anuidades dos associados e há falhas no acompanhamento do pagamento de imposto sindical e contribuição confederativa.
Das duas funcionárias do Sindicato, a diretoria resolveu pela demissão da assessora de imprensa. Já a assistente do sindicato pediu demissão logo após a posse da nova gestão, piorando a situação em relação a rotinas e procedimentos administrativos.
“Encontramos o sindicato em um dos piores momentos de sua história”, afirma o presidente da entidade, Valmor Fristche. “Nosso desafio é reverter esse quadro, retomando uma relação democrática e de aproximação com nossa categoria”, destaca.
Olhar para frente
A atual gestão prossegue trabalhando para reorganizar o Sindicato no menor espaço de tempo possível e oferecer à categoria um atendimento de qualidade, para que o Sindicato volte a ser um espaço democrático para o debate de ideias e uma entidade combativa em defesa dos direitos dos jornalistas. Após o planejamento realizado em novembro, um Grupo de Trabalho prepara uma campanha de recadastramento e ainda de recuperação dos dados dos associados que foram “deletados”. O objetivo, ao invés de excluir, é conversar, acolher e aglutinar colegas para o fortalecimento da entidade representativa dos jornalistas catarinenses.
Além do recadastramento, também está prevista para o início de 2012 uma ampla campanha de sindicalização e a organização da Campanha Salarial com uma maior participação da categoria. Nesta perspectiva, será realizado em Florianópolis um seminário conjunto com os demais Sindicatos de Jornalistas do Sul do Brasil sobre condições de trabalho e negociação.
Também na pauta da atual direção está a ampliação da agenda cultural, de premiações, de convênios, seminários e cursos, de otimização da comunicação da entidade com sua base e de relações institucionais. Igualmente, a ampliação da presença do Sindicato nas demais regiões do estado está sendo estudada. Por envolver profissionais mais afastados geograficamente da sede na capital, a região Oeste já conta com a primeira sede regional do SJSC, em Chapecó, numa parceria com o Sindicato dos Trabalhadores na Saúde.
“Não nos jogaremos em nenhuma aventura, ampliaremos nossa presença nas demais regionais de acordo com o tamanho das nossas pernas e da capacidade de organização e mobilização da categoria”, pondera Valmor Fritsche. “Definimos prioridades e estamos buscando atender às necessidades e expectativas dos jornalistas, mas a tarefa de valorização da profissão e dos profissionais não é só da diretoria do Sindicato, por isso convidamos todos a fortalecerem nossa entidade”, conclama.